"As autoridades da Tanzânia devem tomar medidas imediatas para proteger a integridade das eleições de outubro, que atualmente estão em grande risco", disse Nomathamsanqa Masiko-Mpaka, investigadora para a África da HRW, em comunicado.
Masiko-Mpaka acrescentou, ainda, que "as autoridades precisam parar de silenciar vozes dissidentes e os 'media'" e devem "envolver-se em reformas significativas para garantir eleições livres, justas e credíveis."
De acordo com o comunicado, as autoridades suprimiram a oposição política e os críticos do partido no poder, restringiram os meios de comunicação e não garantiram a independência da comissão eleitoral.
Entre julho e setembro, a Human Rights Watch entrevistou, remotamente ou pessoalmente, 24 ativistas da sociedade civil, advogados, líderes religiosos, académicos, jornalistas e membros de partidos de oposição, incluindo oito vítimas de abusos, da Tanzânia continental e de Zanzibar.
A ONG escreveu, ainda de acordo com o comunicado, à Força Policial da Tanzânia, à Comissão Nacional Independente Eleitoral, à Autoridade Reguladora das Comunicações e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros - a 19 de setembro - "para apresentar a investigação e solicitar informações sobre as alegações". Mas não recebeu qualquer resposta.
A HRW documentou 10 casos de agressão, assédio, sequestro e tortura motivados politicamente.
O Legal and Human Rights Centre documentou cerca de 100 casos de sequestros e desaparecimentos forçados entre 2015 e fevereiro de 2025, enquanto a Tanzania Human Rights Defenders Coalition registou 48 ataques a defensores dos direitos humanos, ativistas e outros em 2024.
A somar a tudo isto, e de acordo com a HRW, em junho, a polícia respondeu ao crescente número de pessoas desaparecidas emitindo uma declaração em que partilhou uma lista daqueles que alegadamente orquestraram os seus próprios sequestros.
Segundo o comunicado, a lista excluía casos de alto perfil de membros da oposição e da sociedade civil, "reforçando preocupações sobre a credibilidade e imparcialidade das investigações do Governo".
"O Governo também tem reprimido os partidos de oposição e os seus membros", refere-se no comunicado.
O Governo da Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu, comprometeu-se no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em junho, a defender os direitos humanos e os princípios democráticos durante todo o período eleitoral.
Desde então, no entanto, o Governo não adotou, segundo a HRW, as reformas necessárias.
A proibição de partidos políticos da oposição e de candidatos presidenciais da oposição por parte da comissão eleitoral remove efetivamente a concorrência enfrentada pelo partido governante Chama Cha Mapinduzi (CCM), disse a Human Rights Watch, que acrescenta que "o Governo continuou a sua repressão aos meios de comunicação na preparação para as eleições, restringindo os direitos à liberdade de expressão e de informação, e exercendo um efeito intimidatório".
Por último, refere-se no comunicado da HRW, nos últimos meses, a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, especialistas em direitos humanos das Nações Unidas e o Parlamento Europeu também levantaram preocupações quanto ao ambiente pré-eleitoral na Tanzânia.
As instituições apontaram a repressão a comícios e assembleias pacíficas, desaparecimentos forçados, tortura e detenções arbitrárias, restrições ao acesso à informação e à liberdade de imprensa e expressão, incluindo o bloqueio do acesso a às redes sociais.
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