Dezanove meses depois da morte do companheiro, membro das Forças de Defesa de Israel, que morreu em combate, Hadas Levy teve o seu filho.
Levy e Netanel Silberg tinham a vida inteira planeada: viajar pelo mundo, construir uma casa juntos nos arredores de Jerusalém e ter uma família grande. Tudo parecia correr nessa direção até ao fatídico dia 7 de outubro, quando o grupo extremista palestiniano Hamas atacou, matando 1.200 pessoas e tornando reféns outras centenas.
Silberg, de 33 anos, era, na altura, um comandante das forças especiais do exército israelita e decidiu, apesar dos apelos da companheira, voluntariar-se para estar na ofensiva em Gaza.
"Ele decidiu que tinha de ir, independentemente de tudo", afirmou Levy em entrevista ao The New York Post, relembrando que o parceiro chegou a ser chamado para as salas de estratégia para dar o seu parecer.
Pouco depois da guerra começar, a 18 de dezembro de 2023, Silberg foi baleado no peito no norte do enclave e não resistiu ao ferimento.
De um momento para o outro, a vida que tinham planeado, desvaneceu-se perante Levy, que chegou a questionar se conseguia sobreviver à morte de Silberg.
"Não consigo não ter nada vivo dele e seguir em frente", relatou. "Precisava que algo dele a crescer dentro de mim. Ele é o pai das minhas crianças e eu quero ser mãe, se ele não está vivo e eu não tenho crianças, então eu não quero continuar a viver."
Doze horas depois da morte do companheiro, Levy conseguiu, com sucesso, preservar o esperma de Silberg - embora, apenas com nove amostras viáveis para proceder a inseminação artificial.
Conseguidas as células, Levy deparou-se com outro problema: o enquadramento legal de Israel, que não era explícito quanto ao uso do esperma de um parceiro morto para conceber uma criança. Em cima disso, a própria fertilidade de Levy não ajudou a situação, sendo ela já uma mulher de 35 anos.
"Os médicos não me quiseram dar percentagens, porque eles próprios também não sabiam", contou.
Mas contra todas as probabilidades, Levy conseguiu engravidar à terceira tentativa e nove meses depois deu à luz o filho de ambos - e agora, sonha em dar um irmão ao recém-nascido.
"É um milagre", disse.
Levy contou com o apoio da organização de viúvas e orfãos das Forças de Defesa israelitas e de um advogado 'pro bono' para conseguir ultrapassar todos os obstáculos. Agora, é a única companheira de um soldado morto que teve um filho desse mesmo homem em toda a história de Israel.
A organização contou ainda que graças a Levy as forças israelitas tornaram a recolha de esperma parte do protocolo quando soldados são mortos no terreno. E, neste momento, disse a CEO, Shlomi Nahumson, há mais de 50 viúvas que podem, na teoria, engravidar dos parceiros mortos.
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