O porta-voz do exército em língua árabe, Avichai Adrai, indicou em comunicado que a cidade de Gaza "está a esvaziar-se porque os moradores estão a perceber que a operação militar está a intensificar-se e que deslocar-se para o sul é mais seguro".
O representante das Forças de Defesa de Israel (FDI) explicou que as operações se intensificam à medida que o exército tenta "acabar com todos os objetivos" do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na área.
"Pedimos a todos na área de Al-Mawasi que se mudem o mais rápido possível e se juntem aos mais de 750.000 moradores que já deixaram a área nos últimos dias por razões de segurança", insistiu.
As autoridades do enclave, controladas pelo Hamas, e a ONU têm transmitido números bastante inferiores -- no domingo passado, a Agência da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) estimava que cerca de 388.400 pessoas abandonaram a cidade de Gaza desde meados de agosto.
Antes do início da ofensiva terrestre na cidade de Gaza, a ONU estimava que mais de um milhão de pessoas viviam na região, quase metade do total da população do enclave.
Israel declarou, a 07 de outubro de 2023, guerra ao Hamas, após o ataque sem precedentes que o grupo islamita fez em território israelita, fazendo cerca de 1.200 mortos, a maioria civis e 251 reféns.
A ofensiva na Faixa de Gaza fez, até agora, quase 66 mil mortos, na maioria civis, e mais de 167 mil feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros e também espalhados pelas ruas, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções, segundo números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas por mais de dois meses de bloqueio de ajuda humanitária e pela posterior entrada a conta-gotas de alguns mantimentos, distribuídos em pontos considerados "seguros" pelo Exército, que regularmente abre fogo sobre civis famintos, tendo até agora matado mais de 2.500 pessoas e ferido pelo menos 18.600.
Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e arredores.
Um comité independente da ONU acusou este mês Israel de genocídio em Gaza, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.
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