"A polícia está a trabalhar arduamente para identificar os jovens contratados pela Rússia e instruídos fora da Moldova para se envolverem em atividades de desestabilização", disse Maia Sandu, em entrevista à Lusa por videoconferência, a partir de Chisinau, a propósito das eleições parlamentares de domingo.
Maia Sandu acrescentou que, além das autoridades, "a sociedade civil e os órgãos de comunicação social independentes estão a trabalhar com o Governo para tentar colocar a descoberto estas tentativas de contratar pessoas para produzir desinformação e espalhá-la".
"Há muitas investigações que são públicas, de órgãos de comunicação social nacionais, mas também internacionais, que reuniram provas disto", sustentou a Presidente da República da Moldova.
Sobre a desinformação, "é diferente", porque "há uma linha muito fina entre liberdade de expressão e manipulação".
"Ainda estamos a tentar aprender o que é que é democrático e, em simultâneo, tentar lidar com a manipulação", considerou.
A chefe de Estado acusou o Kremlin de "estar a investir, centenas de milhões de euros, nesta campanha para tentar controlar a Moldova e usá-la para o seu interesse".
"Primeiramente, para utilizá-la contra a Ucrânia, mas também contra os países europeus [...], e está a espalhar a desinformação por milhares de canais", sustentou, exemplificando: "Uma das narrativas é de que a União Europeia quer confiscar terrenos aos moldavos".
Maia Sandu, Presidente da República reeleita em novembro de 2024, dramatizou em várias ocasiões que estas eleições são as mais importantes para o país e à medida que se aproxima o dia das eleições, as tentativas de condicionar os resultados aumentaram, utilizando o descontentamento que a população está a sentir.
"A Rússia está a tentar sobrecarregar-nos, sobrecarregar as nossas instituições, a Moldova é um país pequeno, com recursos limitados", comentou, acrescentando, no entanto, que estão abertos processo "não só contra os que estão a utilizar milhões de euros para comprar votos, mas também as pessoas que estão envolvidas na instrução para destabilizar".
"Há processos contra estas pessoas", comentou, sem revelar quantos processos estão em curso até hoje.
A Moldov realiza no domingo eleições legislativas descritas pela Presidente como a votação mais importante da História do país, já que vai determinar se o destino do Estado é a União Europeia ou a Rússia.
Com 2,4 milhões de habitantes, a Moldova tem enfrentado várias crises desde a invasão russa à vizinha Ucrânia, em 2022, pondo em risco o Governo pró-europeu de Chisinau, que considera a adesão ao bloco europeu como crucial para se libertar da esfera de influência de Moscovo.
Sondagens recentes mostraram que o Partido Ação e Solidariedade (PAS), pró-europeu e atualmente no poder, poderá ter dificuldades em manter a sua maioria e necessitar de uma coligação.
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