"Suspeita-se que o treino decorreu no período entre 16 de julho e 12 de setembro para entre 150 e 170 cidadãos da Moldova e da Roménia", numas instalações perto de Loznica, cerca de 150 quilómetros a sudeste de Belgrado, precisou o ministério num comunicado.
O objetivo era capacitar os participantes, supostamente ativistas pró-Rússia, "para se oporem à polícia moldova em caso de distúrbios no país" durante a jornada eleitoral de 28 de setembro, cujos resultados são considerados fundamentais para o futuro da Moldova, país candidato à adesão à União Europeia (UE) que continua sob forte influência de Moscovo.
As sondagens sobre as intenções de voto moldovas apontam para uma disputa muito renhida entre os partidos pró-europeus e pró-russos.
Nas buscas realizadas aos apartamentos dos suspeitos na Sérvia, a polícia confiscou uma arma de fogo e um dispositivo para detetar e monitorizar sinais de radiofrequência, bem como computadores portáveis e telemóveis, acrescenta o comunicado, sem informar quem foram os organizadores do treino.
Os detidos são acusados do crime de planear a participação numa guerra ou conflito armado num país estrangeiro.
Com esta informação, o Ministério do Interior sérvio admitiu de facto a existência no país de campos de treino para incitar a distúrbios em massa e minar as eleições moldovas de domingo, uma suspeita recentemente manifestada pela Presidente da Moldova, Maja Sandu, afirmando que por detrás dessa ação estariam os serviços secretos russos.
Depois de Sandu acusar Moscovo de tentar influenciar as eleições legislativas no seu país, as autoridades moldovas detiveram na segunda-feira 74 pessoas acusadas de envolvimento numa alegada conspiração para organizar distúrbios que, coordenados a partir da Rússia, deveriam destabilizar o país no caso de um resultado eleitoral desfavorável às formações pró-russas.
Segundo afirmou então Victor Furtuna, a maioria dos detidos, com idades entre 19 e 45 anos, tinha recebido treino na Sérvia.
De acordo com a organização não-governamental (ONG) sérvia BIRN (Rede de Jornalismo de Investigação dos Balcãs), "o treino foi ministrado por instrutores cidadãos da Federação Russa e da Bielorrússia no complexo Suncana Reka, entre Loznica e Banja Koviljaca. Os instrutores iam da Sérvia para o Montenegro a cada 30 dias e depois voltavam para Loznica".
Foram treinados pelo menos quatro grupos de cerca de 50 pessoas cada, afirmou a ONG.
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