"A viabilidade da solução de dois Estados está a deteriorar-se perigosamente, atingindo agora o seu nível mais crítico em mais de uma geração", disse Guterres numa reunião do Conselho sobre a situação no Médio Oriente, que coincidiu com o primeiro dia do debate de alto nível da ONU.
Mesmo assim, Guterres voltou a pedir hoje uma Palestina "independente, soberana, democrática e viável", coexistindo com Israel, assim como um aumento da segurança baseado nas fronteiras anteriores a 1967.
O antigo primeiro-ministro português defendeu que "o dia seguinte" ao conflito seja regido pelo direito internacional e rejeite qualquer fórmula que enfraqueça esse objetivo.
Ainda de acordo com o secretário-geral, a "expansão implacável" dos colonatos de Israel e as anexações, assim como o deslocamento forçado e "ciclos de violência mortal", resultaram num padrão "horrível" de ocupação.
Além de tudo isso, a Autoridade Palestiniana enfrenta pressões fiscais, políticas e institucionais que prejudicam a sua capacidade de funcionar, acrescentou.
"A colonização deve cessar. O Tribunal Internacional de Justiça deve intervir, inclusive no caso de Israel, para ordenar a cessação imediata das atividades de colonização", acrescentou.
Também enfatizou que o conflito israelo-palestiniano está a passar por um dos "episódios mais sombrios da história".
No sábado, o Governo do Hamas na Faixa de Gaza estimou que cerca de 900.000 pessoas permanecem na capital e que outras 270.000 deixaram a cidade, um número que entra em conflito direto com a estimativa do Exército israelita de que conseguiu deslocar 480.000 pessoas.
Além de Guterres, ministros das Relações Exteriores como Cho Hyun, da Coreia do Sul, falaram na reunião de hoje do Conselho de Segurança, denunciando a operação terrestre lançada por Israel para tomar o controlo da Cidade de Gaza.
Toda essa situação, argumentou, eleva o risco de agravar ainda mais "uma crise humanitária já catastrófica".
Hyun afirmou que o seu país está comprometido com o reconhecimento do Estado palestiniano no momento "apropriado" para a consolidação dos dois Estados.
Nos últimos dias, países como Portugal, França, Bélgica, Reino Unido e Canadá reconheceram o Estado palestiniano, elevando para 157 o número de nações que já reconhecem este Estado árabe.
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