"A sangrenta guerra de extermínio em curso na Faixa de Gaza há quase dois anos, a poucos metros da fronteira oriental com o Egito, exige que as forças armadas estejam preparadas e prontas", afirmou o Governo egípcio.
As forças egípcias utilizarão "toda a capacidade e experiência para qualquer eventualidade que ameace a segurança nacional e a soberania do país sobre todo o território", segundo um comunicado citado pela agência de notícias espanhola EFE.
O Cairo salientou no comunicado que "a presença do exército egípcio no Sinai ou em qualquer outra parte do país está sujeita ao que o alto comando considerar necessário para preservar ou proteger a segurança nacional em cada centímetro do território".
O comunicado foi divulgado num altura em que aumentam em Israel as preocupações sobre o alegado reforço das unidades militares egípcias na zona, segundo a EFE.
Meios de comunicação israelitas têm dado conta da preocupação de Israel com o aumento da presença militar egípcia no Sinai, uma região sujeita a restrições no armamento desde os Acordos de Camp David (1978) e do Tratado de Paz (1979).
Segundo várias fontes em Israel, o exército israelita terá identificado movimentações de unidades adicionais das forças armadas egípcias na região, incluindo carros de combate e artilharia ligeira, em áreas próximas da fronteira com Gaza.
As autoridades israelitas receiam que esses reforços não tenham sido previamente coordenados com a Força Multinacional de Observadores (MFO, na sigla em inglês), responsável por monitorizar o cumprimento dos compromissos de segurança na zona.
O Cairo tem reiterado que as operações das forças no Sinai são coordenadas com os mecanismos internacionais e não visam alterar a relação com Israel, mas sim combater células terroristas e redes de contrabando ativas na região.
"O objetivo original das forças destacadas no Sinai é garantir a fronteira egípcia contra todas as ameaças, incluindo o terrorismo e o contrabando", afirmou o Governo no comunicado.
A mobilização ocorre "no âmbito de uma coordenação prévia com as partes do tratado de paz, que o Egito se compromete plenamente a respeitar, dado que nunca violou qualquer tratado ou acordo ao longo da sua história", acrescentou.
O Egito foi o primeiro país árabe a assinar a paz com Israel, seguido pela Jordânia em 1994.
Desempenha um papel central como mediador no conflito em Gaza, apesar de ser também um dos Estados que mais têm condenado o que classifica como genocídio israelita no enclave palestiniano, onde já morreram mais de 65 mil pessoas desde outubro de 2023.
O Cairo, apoiado pelos restantes 21 membros da Liga Árabe, rejeita ainda de forma categórica qualquer eventual deslocação da população de Gaza para território egípcio, medida que considera uma "ameaça à segurança nacional".
A tensão no Médio Oriente tem vindo a aumentar nos últimos meses e atingiu o auge após o bombardeamento israelita, em 09 de setembro, contra a delegação negocial do grupo extremista palestiniano Hamas em Doha.
O ataque na capital do Qatar, outro mediador árabe, causou seis mortos e gerou alertas em todos os países vizinhos de Israel.
O Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, classificou pela primeira vez Israel como inimigo no discurso que proferiu na cimeira árabe e islâmica realizada na semana passada no Qatar.
Participaram na cimeira mais de 50 chefes de Estado e representantes da Liga Árabe e da Organização para a Cooperação Islâmica, em solidariedade com o emirado após o ataque israelita.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque do Hamas em Israel em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
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