"Este crime era (...) o assassínio de todo o processo de negociação", afirmou um responsável do Hamas, Fawzi Barhoum, numa declaração televisiva citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).
O Hamas, que enfrenta uma ofensiva israelita em Gaza desde que atacou Israel em 07 de outubro de 2023, disse que cinco elementos do grupo morreram no ataque terça-feira, mas que os dirigentes da delegação de negociadores sobreviveram.
A administração dos Estados Unidos "é um parceiro pleno neste crime, assumindo responsabilidade política e moral ao fornecer cobertura e apoio contínuo à agressão da ocupação [Israel] e aos crimes contínuos contra o povo" palestiniano, afirmou.
Barhoum disse que o ataque contra a delegação do Hamas em Doha não alterou as posições do grupo em relação a um cessar-fogo em Gaza, território que controla desde 2007.
"Reiteramos que este crime hediondo não conseguirá alterar as nossas posições firmes e exigências claras de cessar a agressão contra o nosso povo", disse Barhoum, também citado pela agência de notícias chinesa Xinuha.
O dirigente do Hamas reafirmou que o grupo continua a exigir "a retirada total do exército" israelita da Faixa de Gaza, "uma troca genuína de prisioneiros, ajuda humanitária" para os palestinianos e a reconstrução do território.
Israel, que exige a libertação dos reféns ainda em Gaza e o desarmamento do Hamas, anunciou que pretende tomar a cidade de Gaza, que considera como o último bastião do grupo palestiniano.
O primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, que vai intervir hoje na ONU sobre o ataque, acusou o homólogo israelita, Benjamin Netanyahu, de ter acabado "com qualquer esperança" de libertar os reféns ainda em Gaza.
Os comentários de Al Thani sublinharam a indignação generalizada entre os países árabes do Golfo em relação ao ataque, que matou pelo menos seis pessoas, cinco membros do Hamas e um polícia do Qatar.
"Eu estava reunido com uma das famílias dos reféns na manhã do ataque", disse à televisão CNN numa entrevista transmitida na quarta-feira à noite, segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).
"Eles estão a contar com esta mediação [cessar-fogo]. Não têm outra esperança para isso. Acho que o que Netanyahu fez [na terça-feira] foi simplesmente destruir qualquer esperança para esses reféns", acrescentou.
O primeiro-ministro do Qatar vai participar numa reunião do Conselho de Segurança da ONU, como parte de uma iniciativa diplomática de Doha após o ataque.
O Qatar também indicou que está a organizar uma cimeira árabe-islâmica na próxima semana em Doha para discutir o ataque, disse a AP.
O Conselho de Segurança expressou "profunda preocupação" com o ataque, sem mencionar Israel, e aludiu à necessidade de um desanuviamento da tensão na região.
Também transmitiu solidariedade com o Qatar e destacou o "papel vital" que o país desempenhou na mediação dos esforços de paz nos últimos anos.
O ataque ao território de um aliado dos Estados Unidos alarmou muitos países, incluindo os da região, e arriscou comprometer as negociações destinadas a pôr fim à guerra e libertar os reféns ainda detidos pelo Hamas em Gaza.
[Notícia atualizada às 16h47]
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