Num resolução, aprovada por 305 votos a favor, 151 contra e 122 abstenções, o Parlamento Europeu (PE) apoia a decisão, anunciada na quarta-feira pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de suspender o apoio bilateral da UE a Israel e de suspender parcialmente o acordo entre os dois blocos no que respeita ao comércio.
Os eurodeputados pedem ainda investigações completas aos crimes de guerra e violações do direito internacional e que todos os envolvidos sejam responsabilizados.
O Parlamento apoia igualmente as imposições de sanções pela UE a colonos e ativistas israelitas violentos na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental, apelando ainda à imposição de sanções aos ministros israelitas das Finanças, Bezalel Smotrich, e da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, pelas suas visões extremistas.
Na resolução, que não tem caráter vinculativo, o PE condena veementemente a obstrução da ajuda humanitária pelo Governo israelita, que está a provocar a fome no norte de Gaza, e apela à abertura de todas as passagens de fronteira pertinentes, salientando a necessidade urgente de um acesso pleno, seguro e sem entraves a bens essenciais, como alimentos, água, material médico e abrigo.
O texto adotado condena ainda a organização terrorista Hamas pelos "crimes bárbaros" cometidos e exige a libertação dos 48 reféns ainda detidos por esta, vinte dos quais se presume estarem vivos.
A resolução apela ainda à intervenção diplomática da UE sobre países terceiros para pressionar o Hamas na liberação dos reféns.
O PE defende também a solução dos dois estados, Israel e Palestina, apelando a todas as instituições da UE e os seus Estados-membros a tomarem medidas diplomáticas para garantir o empenho nesta decisão, tendo em vista a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro.
A resolução pede também uma desmilitarização total de Gaza e a exclusão do Hamas da governação, apelando ao restabelecimento de uma Autoridade Palestiniana reformada como único órgão de governação.
O texto comum hoje votado resulta de uma iniciativa de eurodeputados do grupo S&D, incluindo a socialista Marta Temido, do Renovar a Europa e dos Verdes, mas não teria sido aprovada sem o apoio de membros do PPE (centro-direita).
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque liderado pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala no enclave palestiniano, que provocou acima de 64 mil mortos, na maioria mulheres e crianças, segundo as autoridades locais controladas pelo grupo islamita, destruiu a quase totalidade das infraestruturas do território e provocou um desastre humanitário sem precedentes na região.
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