"O chefe do exército iniciou conversações com vários partidos e encontrou-se com representantes [dos manifestantes agrupados sob a bandeira] do Geração Z", explicou o porta-voz do exército, Rajaram Basnet.
Os protestos atingiram o pico na terça-feira, com mais de 20 mortes e a demissão do primeiro-ministro, Sharma Oli, e o incêndio do parlamento.
Após o colapso das instituições, o exército nepalês assumiu o controlo da segurança e impôs um recolher obrigatório nacional.
Entretanto, mais de 13.500 reclusos fugiram das prisões nepalesas durante os motins antigovernamentais que forçaram a demissão do primeiro-ministro, de acordo com o porta-voz da polícia, Binod Ghimire, em declarações à agência de notícias francesa France-Presse (AFP).
"Três polícias foram mortos e mais de 13.500 reclusos fugiram das prisões do país", disse Binod Ghimire.
Inicialmente as autoridades estimavam que mais de 2.000 reclusos tinham escapado em todo o país após o colapso do sistema prisional.
O líder da oposição nepalesa, Rabi Lamichhane, foi libertado da prisão por uma multidão de manifestantes durante um violento protesto de rua, na segunda-feira, que fez pelo menos 25 mortos e forçou a demissão do governo do Nepal.
A revolta, iniciada por jovens contra uma lei que proíbe 26 plataformas de redes sociais e contra um Governo que consideram corrupto e ilegítimo, visou vários símbolos do poder político, administrativo e económico.
Durante os protestos, manifestantes atacaram e incendiaram o parlamento, o complexo administrativo, que alberga gabinetes ministeriais e o gabinete do primeiro-ministro.
Também o Supremo Tribunal ficou destruído pelo fogo, paralisando o sistema judicial, bem como o palácio presidencial, a residência oficial do primeiro-ministro e diversas prisões, resultando na fuga de vários reclusos.
Várias esquadras de polícia e controlos fronteiriços foram visados pelos manifestantes, que não se limitaram a atacar infraestruturas do Estado e preconizaram ataques direcionados às residências privadas do primeiro-ministro, do ministro das Comunicações e do antigo primeiro-ministro, Jhalanath Khanal, que resultou na morte da sua mulher.
Os ataques visaram não só o Governo, mas também as estruturas que consideram cúmplices do sistema.
O Hotel Hilton em Katmandu foi destruído por um incêndio, os escritórios do Kantipur Media Group, o maior conglomerado de meios de comunicação social do país, foram incendiados e os seus servidores foram postos fora de serviço.
Vários concessionários de automóveis foram incendiados, com a revolta a levar ao colapso das principais infraestruturas do país, isolando o Nepal do mundo exterior e paralisando completamente a vida quotidiana e a atividade económica.
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