Katmandu, 10 set 2025 (Lusa) - O líder da oposição nepalesa, Rabi Lamichhane, foi libertado da prisão por uma multidão de manifestantes durante um violento protesto de rua, na segunda-feira, que fez pelo menos 25 mortos e forçou a demissão do governo do Nepal.
A libertação de Lamichhane, que já falou à população, ocorreu em simultâneo com a de centenas de reclusos da prisão de Nakhu e da Prisão Central da capital, de acordo com imagens publicadas nas redes sociais.
No total, as autoridades estimam que mais de 2.000 reclusos tenham escapado em todo o país após o colapso do sistema prisional.
Estes acontecimentos ocorreram durante o dia mais violento de uma revolta juvenil que eclodiu na segunda-feira devido à proibição de 26 plataformas de redes sociais e à indignação com a corrupção, alimentada por um movimento de jovens que se identificam como "Geração Z".
Os protestos atingiram o pico na terça-feira, com mais de 20 mortes e a demissão do primeiro-ministro K.P. Sharma Oli e o incêndio do parlamento.
Após o colapso das instituições, o exército nepalês assumiu o controlo da segurança e impôs um recolher obrigatório nacional.
Na sua primeira mensagem após a sua libertação, Rabi Lamichhane instou os cidadãos a protegerem os bens do país, alertando que a perda de documentos de segurança nacional ou judiciais poderia causar "graves danos à nação".
Lamichhane esclareceu que o movimento é liderado exclusivamente pela Geração Z e reafirmou o seu apoio às suas reivindicações e o seu compromisso com a "supremacia cidadã".
Lamichhane, um popular ex-jornalista de televisão, fundou o Partido Rastriya Swatantra (RSP) com uma plataforma anticorrupção que o tornou uma das principais forças políticas. Estava em prisão preventiva por alegadas irregularidades na obtenção do seu passaporte.
Após a sua libertação, vários órgãos de comunicação nepaleses começaram a especular que poderia ser o candidato favorito a primeiro-ministro num possível governo interino.
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