Procurar

Dominique Pelicot "está a lidar muito mal" com a rutura da família

O homem de 72 anos aceitou a sua situação com "fatalismo” - segundo Béatrice Zavarro, a advogada que o defendeu em tribunal - mas está destroçado com a disrupção na família.

Dominique Pelicot "está a lidar muito mal" com a rutura da família

© Arnold Jerocki/Getty Images

Carolina Pereira Soares
10/09/2025 10:38 ‧ há 3 semanas por Carolina Pereira Soares

Mundo

Pelicot

Menos de um ano depois do julgamento que abalou França, e o Mundo, Dominique Pelicot, condenado por drogar a mulher e convidar homens para a violarem, está em confinamento solitário na prisão, onde vai ficar até ter cumprido, pelo menos, dois terços da pena de vinte anos.

 

O homem de 72 anos aceitou a sua situação com “fatalismo” - segundo Béatrice Zavarro, a advogada que o defendeu em tribunal - mas está destroçado com a disrupção na família.

Zavarro, citada pelo The Guardian, conta que “a maior dor” de Dominique é o facto de, neste momento, os seus filhos não falarem com a mãe e a família estar, aparentemente, destruída.

“A quebra dentro da sua família é terrível para ele. Ele está a ver a rutura entre mãe e filha ao longe e está a lidar com isso muito, muito mal”, revela a advogada, que o visita uma vez por mês para preparar possíveis processos contra Dominique que ainda não chegaram a tribunal.

“Ele sabia que ia deixar de ter uma relação com os filhos. Durante o julgamento, ele disse-me que ia morrer sozinho, como um cão, mas que gostaria, acima de tudo, que a sua família permanecesse unida. O facto de existir esta rutura é a sua maior dor.”

Numa entrevista recente, ao The Telegraph, Caroline Pelicot, a filha do antigo casal, revelou que já não fala com a mãe, Gisèle Pelicot.

“A minha mãe não é um ícone, não para mim. Nós, hoje em dia, não temos nem pai nem mãe”, afirmou Caroline.

Magoada, filha de Gisèle Pelicot diz que não vê a mãe como

Magoada, filha de Gisèle Pelicot diz que não vê a mãe como "um ícone"

Caroline acusou o pai de, à semelhança do que fez com a sua mãe, a ter violado sem o seu conhecimento. A mãe recusou-se a testemunhar pela filha e o momento terá quebrado a confiança entre as duas.

Andrea Pinto | 15:09 - 27/08/2025

“É uma coisa horrível para dizer sobre a sua própria mãe. Horrível”, aponta Zavarro.

Na mesma entrevista, Carolina disse que continuava convencida de que o pai a tinha fotografado e abusado dela - um facto que nunca chegou a ser provado no julgamento.

A advogado de Dominique, por sua vez, confessa que falou com o recluso sobre isso e acredita que o homem não tocou na filha.

“Ele sempre disse que nunca tocou na filha ou em nenhum dos filhos ou netos”, afirma. “Houve um momento durante o julgamento em que eu disse: ‘Monsieur Pelicot, vamos fingir que só estamos aqui nós os dois e vamos falar sobre isto’. Eu pensei que naquele momento ele se ia sentir encorajado a dizer que sim, porque agarrou nas fotos. Mas disse: ‘Não, não fui eu’. E eu acredito nele.”

“Nós já tínhamos falado sobre isto antes e ele tinha-me olhado nos olhos e dito ‘Eu não tirei essas fotografias’”, relata a advogada. “Alguns podem dizer que eu sou ingénua, mas eu acredito nele.”

Dominique não recorreu para 'poupar' Gisèle Pelicot

Zavarro fala ainda de um outro pormenor no caso que não era conhecido: diz que Dominique não apresentou um recurso à decisão do tribunal, para não massacrar mais a mulher.

“Ele podia ter recorrido da pena mínima imposta, mas isso significaria outro julgamento e ele disse que não faria a sua mulher passar por isso outra vez. Ele disse que ela já tinha sofrido o suficiente”, conta a advogada.

Zavarro conheceu Dominique Pelicot em 2021, após o francês ter sido detido por filmar por baixo da saia de uma mulher num supermercado. Na altura, a magnitude dos crimes cometidos por Dominique não era conhecida e não havia indícios de que o caso viria a ter as proporções que mais tarde ganhou. 

Aliás, quando Zavarro aceitou defender Dominique o julgamento era suposto acontecer à porta fechada, sem a presença da imprensa.

“No início, eu não tinha a menor ideia do que é que ele tinha feito exatamente. Foi-me dada uma lista de alegados crimes e eu vi que havia uns quantos, mas não tinha detalhes”, conta. “A minha primeira impressão dele foi a de um avó, uma espécie de figura parecida ao Pai Natal. Nessa primeira reunião, ele contou-me tudo.”

Hoje, Zavarro considera que é a pessoa que o “conhece melhor no mundo, incluindo a família” e defende que, mesmo sabendo o que ele tinha feito logo à partida continuaria a aceitar o caso.

“Eu aceitei porque sou advogada. Fui muito clara: eu defendo o homem, não o que ele fez”, argumenta.

Leia Também: Manifestação em França gera confrontos com polícia. Há dezenas de detidos

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com

Recomendados para si

Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

IMPLICA EM ACEITAÇÃO DOS TERMOS & CONDIÇÕES E POLÍTICA DE PRIVACIDADE

Mais lidas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10