Esses gastos militares equivalem ao produto interno bruto (PIB) de todo o continente africano e mais da metade do da América Latina.
Representa também "quase 13 vezes o valor da assistência oficial ao desenvolvimento concedido pelas nações mais ricas do mundo -- e 750 vezes o orçamento regular das Nações Unidas", assinalou o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Se a tendência atual se mantiver, os gastos militares poderão aumentar para 3,5 triliões de dólares (cerca de três biliões de euros) até 2030, e ultrapassar mesmo os 4,7 triliões de dólares (quatro biliões de euros), podendo atingir os 6,6 triliões de dólares (5,64 biliões de euros) em 2035 - o que equivaleria a um valor cinco vezes superior ao registado no final da Guerra Fria.
"As evidências são claras: os gastos militares excessivos não garantem a paz", enfatizou hoje António Guterres, ao apresentar o relatório.
Esses gastos "desviam investimentos necessários em saúde, educação, criação de empregos e proteção contra enchentes e secas", sublinhou.
Com menos de 4% dos gastos militares globais, a fome mundial poderia ser erradicada até 2040; com pouco mais de 10%, todas as crianças do mundo poderiam ser vacinadas; com 15%, todos os custos de adaptação climática em países pobres poderiam ser cobertos, entre outras prioridades.
Ao contrário da ideia de que gastos militares criam empregos, o relatório aponta que outros setores civis geram mais empregos com os mesmos recursos.
Nesse sentido, um bilião de dólares (850 milhões de euros) em gastos militares, o que se traduz em 11.200 empregos no setor de defesa, seria equivalente a 26.700 no setor de educação, 26.700 no setor de energia renovável e 17.200 na saúde.
O relatório também aponta outro paradoxo: África, apesar de ser um continente com diversas guerras e conflitos em curso, representa apenas 2% dos gastos militares globais.
"Um mundo mais seguro começa por investir no combate à pobreza, pelo menos, tanto quanto investimos em guerras", insistiu Guterres.
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