A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou, esta terça-feira, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "não tem medo" de usar "meios militares" para "proteger a liberdade de expressão", ao comentar o julgamento do antigo chefe de Estado brasileiro Jair Bolsonaro.
"Eu não tenho nenhuma medida adicional para antecipar-vos", começou por dizer, em conferência de imprensa, após ser questionada pelos jornalistas sobre se o governo norte-americano irá retaliar caso o julgamento termine com a condenação de Bolsonaro.
"O presidente [Donald Trump] não tem medo de usar meios económicos nem militares para proteger a liberdade de expressão em redor do mundo", acrescentou, segundo cita a imprensa brasileira.
Recorde-se que Trump impôs tarifas a vários produtos brasileiros, numa tentativa de Washington de pressionar a favor da amnistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Numa crise diplomática sem precedentes entre os dois países, os Estados Unidos impuseram também mais sanções ao juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil Alexandre de Moraes, relator do processo contra Bolsonaro.
De realçar que o juiz Alexandre de Moraes considerou hoje Bolsonaro o "líder de uma organização criminosa" que tentou um golpe de Estado, após a sua derrota frente a Lula da Silva em 2022, e votou pela sua condenação.
"A organização criminosa narrada na denúncia realmente iniciou a prática das condutas criminosas, com atos executórios concretos e narrados, em meados de 2021 e permaneceu atuante até janeiro de 2023, tendo sido composta por integrantes do governo federal à época e por militares das Forças Armadas", disse o juiz relator do processo que acusa o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e outros sete membros da sua cúpula de tentativa de golpe de Estado.
O primeiro de cinco juízes que vão votar considerou ainda que o plano "teve o claro objetivo de impedir e restringir o pleno exercício dos poderes constituídos, em especial o poder judiciário, bem como tentar impedir a posse do governo democraticamente eleito".
"Praticaram todas as ações penais", disse, referindo-se aos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado de Direito Democrático, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de património.
Caso três juízes votem pela condenação estará formada maioria para tornar o réu culpado.
Para Além de Jair Bolsonaro estão a ser julgados o deputado federal Alexandre Ramagem, o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o general na reserva e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República Augusto Heleno, o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, o general e ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o general na reserva e ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Neto.
Jair Bolsonaro é acusado de tentar dar um golpe de Estado com a ajuda de altos cargos militares para anular os resultados das eleições de 2022, nas quais foi derrotado pelo atual presidente, Lula da Silva, e assim se manter no poder.
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