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Bruxelas classifica evacuação de Gaza como "inaceitável"

A comissária europeia para Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Hadja Lahbib, considerou hoje inaceitável a ordem de deslocação israelita aos habitantes da Cidade de Gaza, porque "não pode ser realizada com segurança ou dignidade".

Bruxelas classifica evacuação de Gaza como "inaceitável"

© ATTILA KISBENEDEK/AFP via Getty Images

Lusa
09/09/2025 19:39 ‧ há 10 horas por Lusa

"A ordem de deslocação hoje imposta por Israel obriga todos os habitantes da cidade de Gaza a deslocar-se para sul. Isso é inaceitável. A deslocação em massa num contexto de destruição e escassez não pode ser realizada com segurança nem dignidade", sustentou a comissária belga nas redes sociais.

 

"Todos os civis devem ser protegidos pelo direito internacional humanitário em todos os momentos", acrescentou.

A Cidade de Gaza, com um milhão de habitantes, está agora classificada pelo Exército israelita como "zona de combate perigosa", após a ordem de evacuação hoje emitida.

No mapa divulgado por Israel com a classificação das zonas da Faixa de Gaza, a capital aparece a vermelho, como zona de combate na qual os civis não estão a salvo do fogo israelita.

O resto do território também está a vermelho, exceto duas faixas junto à costa: uma a sul de Deir al-Balah, assinalada a branco, onde supostamente o Exército israelita não ataca, e outra mais a sul, em Khan Yunis, colorida a amarelo e definida por Israel como "zona humanitária".

Segundo uma estimativa de segunda-feira do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), 80% do território palestiniano já está sob ordens de evacuação ou ocupação militar de Israel, que pretende deslocar mais uma vez toda a população de Gaza para sul.

Em agosto, o Governo aprovou um plano de ocupação proposto pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para derrotar o movimento islamita palestiniano Hamas e libertar os 48 reféns (20 deles vivos) ainda ali mantidos em cativeiro, embora as chefias militares israelitas tenham alertado de que tal operação poderia significar a morte dos cativos.

Então, cerca de um milhão de palestinianos estavam refugiados na cidade, muitos deles deslocados de outras zonas do enclave pela guerra.

Segundo Netanyahu, cerca de 100.000 palestinianos já abandonaram a cidade devido à ofensiva israelita, mas o OCHA estima que o número seja de cerca de 40.000.

Israel declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando 251.

A guerra fez, até agora, 64.605 mortos, na maioria civis, e 163.319 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas pelo bloqueio de ajuda humanitária durante mais de dois meses, seguido da proibição israelita de entrada no território de camiões com ajuda de agências humanitárias da ONU e organizações não-governamentais (ONG).

Alguns mantimentos estão desde então a entrar a conta-gotas e a ser distribuídos em pontos considerados "seguros" pelo Exército, que regularmente abre fogo sobre civis palestinianos famintos, tendo até agora matado 2.444 e ferido pelo menos 17.831.

Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e arredores.

Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusara Israel de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais e israelitas de defesa dos direitos humanos.

Leia Também: Mais de 1,2 milhões de palestinianos recusam abandonar Cidade de Gaza

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