O gabinete de imprensa das autoridades de Gaza, controladas pelo movimento islamita Hamas, disse estas pessoas permanecem no norte da Faixa de Gaza, "apesar dos intensos bombardeamentos e genocídio cometidos pela ocupação israelita, que pretende cometer um crime de deslocação forçada, em violação de todas as leis internacionais", de acordo com um comunicado publicado na plataforma Telegram.
A mesma fonte indicou que as autoridades testemunharam nos últimos dias "uma deslocação forçada do sul para a Cidade de Gaza e para o norte" da Faixa de Gaza".
"Cerca de 35.000 residentes foram forçados a fugir sob bombardeamentos, embora mais de 12.000 tenham regressado às áreas de residência originais devido à falta de bens básicos no sul", referiu.
A este respeito, sublinhou que a área de Al-Mawasi, localizada perto de Khan Yunis e decretada como "segura" por Israel - que, no entanto, lançou dezenas de bombardeamentos contra esta área no sul do território -- acolhe "aproximadamente 800.000 pessoas" e "carece das infraestruturas necessárias para a vida",
"Praticamente sem hospitais ou infraestruturas ou serviços básicos, como água, alimentos, abrigo, eletricidade ou educação, o que torna a sobrevivência quase impossível", relatou.
"As áreas designadas pela ocupação [autoridades israelitas] como 'refúgios seguros' não excedem 12% do território da Faixa e a ocupação está a tentar colocar 1,7 milhão de pessoas sob pressão, numa política sistemática de deslocação forçada destinada a mudar o norte de Gaza e a Cidade de Gaza, o que equivale a crimes de guerra e crimes contra a humanidade", advertiu.
O Governo de Gaza voltou a criticar "o vergonhoso silêncio internacional e o incumprimento das obrigações legais e internacionais" para abordar os "crimes contínuos de genocídio e deslocação forçada" do exército israelita contra civis em Gaza.
"Apelamos à comunidade internacional, às Nações Unidas e aos tribunais internacionais para que tomem medidas imediatas e eficazes para parar estas violações, processar os líderes da ocupação perante os tribunais competentes e garantir a proteção dos civis, bem como o direito a permanecer na sua terra de forma segura e digna", acrescentou o gabinete de imprensa das autoridades de Gaza.
O exército israelita alertou para a evacuação de toda a Cidade de Gaza, localizada no norte da Faixa, em antecipação às operações militares de "grande escala" que vão acontecer na área.
A ofensiva israelita, desencadeada após os ataques realizados em 07 de outubro de 2023 por várias fações palestinianas, causou até agora mais de 64.600 palestinianos mortos, de acordo com dados das autoridades de Saúde, considerados fiáveis pela ONU.
Israel, que anunciou uma operação para tomar a cidade de Gaza, no norte do enclave, tem sido acusado de genocídio e de usar da fome como arma de guerra, que nega.
Em agosto, a ONU declarou uma situação de fome no norte de Gaza, o que acontece pela primeira vez no Médio Oriente.
Pode ver, na galeria acima, imagens da evacuação da Cidade de Gaza.
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