Depois de dominar a vida política no Líbano durante muitos anos, o Hezbollah saiu muito enfraquecido de um conflito de mais de um ano contra Israel, incluindo dois meses de guerra aberta entre setembro e novembro de 2024.
Parte do seu arsenal foi destruído, e a sua liderança dizimada.
Num discurso em que se dirigiu indiretamente ao Hezbollah, Samir Geagea, líder do principal bloco parlamentar cristão, denunciou que as armas, "como demonstraram os acontecimentos dos últimos dois anos, não tiveram qualquer impacto" face a Israel.
"A experiência demonstrou que essas armas não protegem, não constroem, não dissuadem. Pelo contrário, trouxeram destruição, ruína, êxodo e atraíram uma nova ocupação", acrescentou.
Sob forte pressão dos Estados Unidos e temendo uma intensificação dos bombardeamentos israelitas no Líbano, o Governo de Nawaf Salam ordenou em agosto que o exército elaborasse um plano para desarmar o Hezbollah até ao final do ano.
Única fação a ter conservado as suas armas após a guerra civil (1975-1990), o movimento xiita opõe-se ao seu desarmamento, acusando as autoridades de fazerem o jogo de Israel e dos Estados Unidos.
Em meados de agosto, o líder do Hezbollah, Naïm Qassem, acusou o Governo libanês de "entregar" o país a Israel ao pressionar para o desarmamento do seu movimento e alertou para uma guerra civil.
"Vocês compreenderam, tarde demais, que a vossa guerra com Israel estava perdida e era destrutiva. Saibam isto antes que seja tarde demais: uma guerra civil seria ainda mais desastrosa e far-vos-ia perder tudo", insistiu o líder cristão.
Geagea sublinhou que "ainda é possível sair do impasse, evitar mais perdas, fazendo a escolha corajosa de passar da ilegalidade para a legitimidade", e acusou o Hezbollah de servir "um projeto expansionista iraniano".
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