Apesar de não se terem registado feridos, António Guterres enfatizou que quaisquer atos que coloquem em risco a vida dos "capacetes azuis", como são conhecidos os operacionais das missões de paz da ONU, são "completamente inaceitáveis".
O secretário-geral "exige que as partes cumpram as suas responsabilidades para garantir a segurança dos soldados da paz e a inviolabilidade das instalações da ONU", disse ainda o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric.
Hoje de manhã, a Finul acusou Israel de "um dos ataques mais graves contra" os "capacetes azuis" desde novembro, data do cessar-fogo que pôs fim à guerra entre Israel e o movimento xiita libanês Hezbollah.
A Finul disse, em comunicado, que aparelhos aéreos não tripulados israelitas lançaram quatro granadas numa "zona situada perto" de posições da missão manutenção de paz.
Uma granada caiu a menos de 20 metros e as outras três a cerca de 100 metros de efetivos e viaturas da ONU, indicou.
Os membros da Finul encontravam-se no terreno a desmontar pontos de bloqueio localizados na linha de demarcação da ONU entre Israel e o Líbano (a chamada Linha Azul) na altura do ataque, que aparentemente não causou vítimas.
"Este é um dos ataques mais graves contra efetivos e propriedades da Finul" desde novembro do ano passado, referiu na mesma nota.
A Finul afirmou que o exército israelita foi informado com antecedência sobre os trabalhos de limpeza que estava a realizar na zona e acrescentou que as operações foram suspensas após o incidente.
Numa reação, o exército israelita negou ter disparado intencionalmente contra as tropas de manutenção da paz destacadas no sul do Líbano.
"Ontem [terça-feira], tropas [israelitas] estacionadas num posto avançado no sul do Líbano identificaram atividade [e] lançaram várias granadas [de efeito moral] nas proximidades para (...) afastar a potencial ameaça", escreveu o tenente-coronel Nadav Shoshani, porta-voz do exército israelita, na rede social X.
"Vários soldados da Finul que operavam nas proximidades relataram que foram dirigidos tiros na sua direção", acrescentou.
Depois de uma análise do caso, o exército israelita sublinhou que "nenhum tiro intencional foi dirigido contra efetivos da Finul" e que "a segurança dos civis e forças [israelitas] continua a ser a principal prioridade", acrescentou o responsável, sem adiantar quaisquer pormenores.
Questionado sobre se Guterres aceita a justificação apresentada por Telavive, Dujarric frisou que, independentemente de ausência ou não de intencionalidade, as Forças de Defesa de Israel sabiam de antemão sobre o trabalho que a Finul estava a realizar no local.
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