"Denunciamos com extrema preocupação a detenção arbitrária e o desaparecimento forçado de Miriam Fernández Ruiz (72 anos), Miguel Ángel Guillén Ibarra (17), Chantal Niulany Guillén (21) e a bebé Nicole de Los Ángeles Palermo (2 anos), ocorrida entre 04 e 05 de setembro de 2025 no estado de Carabobo", afirmam num comunicado divulgado na Internet.
Segundo o VV e o Clippve, "no dia 04 de setembro, agentes da Polícia Nacional Bolivariana (PNG) entraram sem mandado [judicial] na casa da família, em Paso Real, e levaram Miriam Fernández e o seu neto Miguel Ángel Guillén".
"No dia seguinte, Miguel foi obrigado a ligar para a sua irmã Chantal para que ela fosse à sede da PNB em La Esmeralda. Ela compareceu com a sua filha Nicole, de apenas dois anos, e ambas foram igualmente detidas sem qualquer justificação", acusaram.
Na rede social X, o VV e o Clippve alertaram que "desde então, as autoridades negam [revelar] o paradeiro dos quatro membros da família, impedindo qualquer comunicação com eles e recusando-se a fornecer informações oficiais" sobre o local onde permanecem detidos ou o seu estado de saúde.
"Este padrão corresponde aos elementos de um desaparecimento forçado, proibido pela Constituição venezuelana e pelo direito internacional", sublinham.
Segundo o comunicado, "a detenção e o desaparecimento de uma menina de dois anos, juntamente com a sua mãe, o seu irmão adolescente e a sua avó, constituem uma violação aberrante que evidencia a prática sistemática de represálias contra familiares".
Na mesma rede social, exigem ao Estado venezuelano que informar imediatamente o paradeiro e que garanta a vida, integridade física, psicológica e emocional dos quatro detidos.
Também pedem o acesso imediato a familiares, advogados de confiança e cuidados médicos, e que proceda à libertação imediata e incondicional dos quatro detidos.
Por outro lado, apelam à comunidade internacional e aos organismos das Nações Unidas, e muito especialmente à UNICEF, para que documentem e se pronunciem sobre este facto, a fim de salvaguardar os direitos da infância e da adolescência, em conformidade com o estabelecido na Convenção sobre os Direitos da Criança e na legislação venezuelana de proteção aos meninos, meninas e adolescentes.
"Apelamos também à sociedade venezuelana para que condene veementemente este crime, que viola qualquer padrão de legalidade e humanidade e que reflete o nível de crueldade de um sistema que despreza a vida e a dignidade humana. A vida e a dignidade de uma família inocente, incluindo uma menina de apenas dois anos e um adolescente de 17, não podem ser apagadas pelo silêncio e pela opacidade institucional. Chega de impunidade", concluem.
Segundo o Fórum Penal (FP), ONG que presta assistência jurídica gratuita a pessoas detidas arbitrariamente e aos seus familiares, em 26 de agosto a Venezuela tinha 816 presos políticos, entre os quais 89 cidadãos estrangeiros.
Dos detidos, 720 são homens e 96 mulheres; 646 são civis e 170 militares; 812 são adultos e há quatro adolescentes.
O FP desconhece o paradeiro de 42 pessoas detidas por motivos políticos na Venezuela.
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