"As Forças Armadas hoje enfrentam desafios complexos que exigem mais do que coragem. Exigem profissionalismo, disciplina e modernização. O nosso dever é garantir uma Força Armada eficaz, respeitadora da Constituição e ao serviço exclusivo da Nação, livre de qualquer interferência política ou partidarização que, infelizmente, durante anos, enraizou-se nas estruturas das Forças Armadas, minando a confiança pública e a estabilidade interna", declarou João Pedro Cravid.
O chefe do Estado Maior das Forças Armadas (CEMFA) de São Tomé e Príncipe falava durante o ato central dos 50 anos das Forças Armadas que ficou marcado pelo juramento à bandeira de mais de 400 novos soldados recrutas que passaram a integrar a instituição.
João Pedro Cravid disse reconhecer "os efeitos negativos dos sucessivos intentos de inversão da ordem constitucional" que comprometeram o desenvolvimento democrático e prejudicaram a credibilidade das instituições nacionais, por isso reafirmou que "as Forças Armadas não são e não serão instrumento de interesses políticos e partidários, mas sim defensoras da Constituição e da República, da legalidade, da soberania, da segurança e da paz social em São Tomé e Príncipe".
No entanto, o CEMFA sublinhou que umas Forças Armadas "modernas e capazes" dependem de meios e materiais adequados, equipamentos atualizados, tecnologia emergente, infraestruturas funcionais, sistemas de comunicação seguros e logística eficaz e eficiente que exige "investimento sustentável por parte do Estado e parceria inteligente com países amigos".
"Precisamos de militares bem formados, bem treinados, física e intelectualmente, bem equipados, disciplinados, respeitadores da hierarquia e da cadeia de comando, éticos no comportamento e leais à bandeira que juraram defender", declarou.
Os 50 anos das FASTP foram assinalados numa altura em que estão por esclarecer os acontecimentos de 25 de novembro de 2022, em que quatro civis foram mortos, com sinais de tortura, quando estavam sob custódia militar, após uma tentativa de Golpe de Estado.
Os militares acusados pelo Ministério Público como responsáveis por aquelas mortes continuam sem ser julgados e alguns ocupam altos cargos nas Forças Armadas, originando críticas por parte da sociedade civil e de partidos políticos.
O Presidente da República, Carlos Vila Nova, que presidiu ao ato central, defendeu que "é necessário reconciliar a nação com as suas Forças Armadas e estas com a nação, agindo a favor das mulheres e dos homens que a integram, fortalecendo-as, corrigindo falhas e prevenindo eventuais abusos".
"As Forças Armadas têm de continuar a ser uma reserva de disciplina, patriotismo, de entrega, de obediência, de respeito pelo próximo, de comportamento ético e de defesa de valores democráticos, indubitavelmente de submissão às instituições democraticamente eleitas ou constituídas", declarou Carlos Vila Nova.
O chefe de Estado defendeu que "é imperativo" ter "militares exemplares, onde o rigor e a disciplina devem ter espaço de excelência", pois trata-se de uma instituição "que deve ser uma verdadeira escola de valores e de virtudes".
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