Os cinco representantes da chamada "dupla xiita" abandonaram a reunião após a chegada do comandante do Exército, Rodolphe Haykal, que foi convocado para apresentar o roteiro de desarmamento ao Conselho de Ministros, informou a televisão libanesa al-Manar, que pertence ao Hezbollah.
Fadi Makki, ministro da Reforma Administrativa, confirmou na rede social X a sua saída da reunião do Governo e anunciou que se ofereceu para renunciar ao cargo "se for do interesse nacional", durante a primeira parte do encontro.
"Mais uma vez, apelo aos meus colegas ministros e autoridades políticas para que discutam o plano sob a égide da declaração ministerial com a qual todos concordámos (...) com ponderação e colocando os interesses da nação, do sul e da paz civil acima de todas as outras considerações", declarou.
Alguns ministros do Hezbollah e do Amal já tinham indicado que abandonariam a sessão assim que o plano de desarmamento começasse a ser discutido, como já tinham feito em reuniões anteriores, e que compareceriam apenas para participar nos restantes assuntos da ordem de trabalhos.
O Hezbollah rejeitou tanto a proposta de plano dos Estados Unidos para o seu desarmamento como a iniciativa libanesa promovida sob pressão de Washington, considerando que servem os interesses de Israel e que minariam as capacidades defensivas do Líbano enquanto o país continua a ser alvo de repetidos ataques.
Apesar do cessar-fogo acordado por ambos os países em novembro passado, Israel continua a bombardear alegados alvos do Hezbollah no sul do Líbano quase diariamente e mantém as suas tropas em cinco posições na região.
O grupo libanês exige pelo seu lado o fim destas violações antes de iniciar o diálogo.
O Irão é considerado o principal patrocinador do Hezbollah, tendo alegadamente estado na origem da criação do grupo xiita, e de o financiar e equipar com armamento durante décadas.
A par do Hamas na Palestina e dos Huthis do Iémen, o Hezbollah constitui o chamado eixo da resistência apoiado por Teerão, e que se envolveu em hostilidades militares com Israel, logo após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.
Após quase um ano de troca de tiros ao longo da fronteira israelo-libanesa, Israel lançou uma forte campanha aérea no verão do ano passado, que decapitou a liderança do movimento xiita, incluindo o seu líder histórico, Hassan Nasrallah, e vários outros altos membros da sua hierarquia política e militar.
Desde o cessar-fogo em vigor desde novembro com Israel que o Estado libanês tem procurado concentrar todo o armamento do país nas mãos das forças de segurança oficiais.
Ao mesmo tempo, o Exército foi destacado para o sul do país, numa região de influência do Hezbollah e junto da fronteira com Israel, em apoio à missão das Nações Unidas (FINUL), que terminará o seu mandato em 2026, após quase cinco décadas no terreno.
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