Na quinta-feira, Shinawatra informou as autoridades de imigração tailandesas no aeroporto Don Mueang, em Banguecoque, que estava a caminho de Singapura.
Um comunicado da polícia confirmou que o avião privado de Shinawatra foi autorizado a levantar voo pouco depois das 19:00 (13:00 em Lisboa) porque não havia qualquer mandado de detenção ou ordem judicial que o impedisse de sair do país.
Os dados do voo, analisados pela agência de notícias Associated Press, mostraram que o avião, um Bombardier BD-700, voou inicialmente para sul em direção a Singapura, antes de virar subitamente para oeste, fazer dois círculos e continuar em direção à Índia.
Shinawatra escreveu posteriormente na rede social X que pretendia viajar para Singapura para uma consulta médica, mas que a imigração tailandesa o reteve durante quase duas horas.
O magnata disse que decidiu mudar o rumo para o Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, após o piloto ter informado, durante o voo, que não conseguiriam aterrar no aeroporto de Seletar, Singapura, antes do encerramento, às 22:00 (15:00 em Lisboa).
Shinawatra viveu no Dubai durante um exílio autoimposto, iniciado em 2008.
O antigo primeiro-ministro garantiu que pretendia regressar à Tailândia para comparecer pessoalmente em tribunal na terça-feira.
Shinawatra foi deposto por um golpe militar em 2006, enquanto estava no estrangeiro. O magnata regressou brevemente à Tailândia em 2008, mas voltou a sair, fugindo antes do veredicto judicial sobre um caso de corrupção.
O político voltou ao país em 2023 para cumprir uma pena de oito anos de prisão por três casos de corrupção e abuso de poder, mas foi enviado para uma suite no Hospital Geral da Polícia de Banguecoque, alegadamente por motivos médicos.
A pena foi reduzida para um ano pelo Rei Maha Vajiralongkorn, e Shinawatra foi solto em liberdade condicional após seis meses.
O Supremo Tribunal irá decidir na terça-feira se o Governo agiu legalmente ao lidar com o caso ou se Shinawatra recebeu tratamento especial.
Caso Shinawatra seja considerado cúmplice em eventuais irregularidades, poderá enfrentar acusações e uma nova pena de prisão.
A partida de Shinawatra, que há décadas domina a política no país, aconteceu antes do Parlamento votar, hoje, para nomear um novo primeiro-ministro, que irá substituir a filha do magnata, Paetongtarn Shinawatra.
A Tailândia tem tentado, sem sucesso, formar um novo Governo desde a suspensão de Paetongtarn Shinawatra, em julho, e destituída definitivamente do cargo na semana passada, devido à forma como conduziu uma recente crise fronteiriça com o Camboja.
O primeiro-ministro interino, Phumtham Wechayachai, apresentou na quarta-feira um processo para dissolver o Parlamento, depois de o principal partido da oposição, o Partido Popular, ter apoiado um candidato rival à liderança do Governo.
O partido de Wechayachai, o Pheu Thai, tinha tentado negociar a formação de um novo Governo com o Partido Popular, com 143 lugares na Assembleia Nacional da Tailândia.
Entretanto, na quinta-feira, os conselheiros do rei da Tailândia rejeitaram o pedido do Pheu Thai para dissolver o Parlamento, medida que levaria a novas eleições legislativas.
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