"Assassinaram 11 pessoas sem passar pela Justiça. Pergunto se isso é aceitável", disse Cabello, na quarta-feira, no seu programa de televisão "Con el Mazo Dando" ('Dando com o Martelo').
As forças armadas norte-americanas dispararam na terça-feira contra um "barco que transportava droga", que acabara de sair da Venezuela e estava na região das Caraíbas, anunciou o Presidente norte-americano, Donald Trump, pouco depois da operação.
O ataque, alegadamente contra traficantes do cartel 'Tren de Aragua', provocou a morte de 11 pessoas.
"Nenhuma suspeita de tráfico de droga justifica execuções extrajudiciais no mar", denunciou Cabello, considerado o segundo dirigente mais importante na liderança da Venezuela.
"Não é claro, não explicaram nada, anunciam pomposamente que assassinaram 11 pessoas. É muito delicado. E o direito à defesa?" insistiu o ministro.
Horas antes, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, avisou que Washington vai realizar mais operações militares contra cartéis de droga.
Este "é um sinal claro para o 'Tren de Aragua', o 'Cartel dos Sóis' e outros oriundos da Venezuela, de que não permitiremos este tipo de atividade", sublinhou Hegseth.
No final de julho, os Estados Unidos classificaram como uma organização terrorista o Cartel dos Sóis, um grupo que Washington alega estar ligado ao Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Maduro "não foi eleito e os Estados Unidos dão uma recompensa de 50 milhões de dólares [cerca de 43 milhões de euros] por ele", afirmou Pete Hegseth.
Também na quarta-feira, o Parlamento do Peru aprovou uma moção que declara o Cartel dos Sóis uma organização terrorista, alegando que representa uma ameaça externa à nação sul-americana.
À semelhança do que os Estados Unidos sustentam, o Congresso peruano declarou em comunicado que o Cartel dos Sóis é uma "organização criminosa diretamente ligada ao regime de Nicolás Maduro", que "mantém ligações comprovadas com o narcotráfico e o terrorismo internacional"
Horas antes, Maduro acusou a Administração Trump de querer "petróleo venezuelano gratuito" e disse que "o imperialismo atacou (...) inventando uma história em que ninguém acredita".
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou na quarta-feira preocupação com a crescente hostilidade entre a Venezuela e os Estados Unidos.
"É importante que haja uma redução das tensões e que seja encontrada uma solução pacífica para as divergências, em conformidade com o direito internacional e a Carta das Nações Unidas", disse o porta-voz do português, Stéphane Dujarric, durante uma conferência de imprensa.
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