"Há drones a circular perto dos barcos da flotilha que estão a umas poucas milhas náuticas de Menorca. São navios humanitários. Porque nos vigiam?", escreveu nas redes sociais a deputada portuguesa Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que integra a Global Sumud Flotilla ("Sumud" é uma palavra árabe para "resiliência").
Além de vários participantes na flotilha, também a organização Global Movement to Gaza, uma das que promoveu a Global Sumud Flotilla, denunciou igualmente a presença de drones, cuja origem não conseguiram identificar.
A Global Movement to Gaza manifestou "séria preocupação" em relação à segurança da flotilha, sublinhando que é uma iniciativa "civil, pacífica e não violenta", e apelou ao Governo de Espanha para assumir "a sua responsabilidade política e legal".
"Espanha deve oferecer proteção diplomática prévia e garantir publicamente a livre navegação da flotilha até Gaza", tal como estabelece a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, considerou a organização, que realçou que há vários barcos na Global Sumud Flotilla com bandeira espanhola.
A organização pediu, em concreto, que o Governo de Espanha declare de forma oficial o compromisso com a proteção da Global Sumud Flotilla.
Em paralelo, o partido italiano Verde Esquerda (AVS) denunciou que vários aviões militares israelitas sobrevoaram na terça-feira a Sicília e aterraram na base militar de Sigonella (sul de Itália), numa operação que considerou poder estar relacionada com a Global Sumud Flotilla.
Cerca de 15 barcos vão integrar a flotilha no próximo domingo em Itália, num porto da Sicília.
O AVS pediu explicações ao Governo italiano, liderado por Giorgia Meloni sobre os voos israelitas, nomeadamente, a chegada à base de Sigonella de um avião militar procedente de Israel.
Um porta-voz do partido considerou inaceitável o uso de território italiano por parte da aviação militar israelita e questionou se esteve em causa uma operação para "espiar a flotilha" ou para "carregar material bélico".
"Estaríamos, nos dois casos, perante uma gravíssima cumplicidade de Itália", disse o porta-voz do AVS.
Integram esta flotilha, que pretende ser "a maior missão humanitária da história" com o território palestiniano de Gaza, centenas de pessoas de 44 países, incluindo três portugueses: a deputada e dirigente do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício.
Outra das participantes é a ativista sueca Greta Thunberg, que anunciou a criação da flotilha a 10 de agosto como "a maior tentativa de romper o bloqueio ilegal israelita a Gaza".
Desde então, a Global Sumud Flotilla recebeu manifestações de apoio de ativistas sociais, políticos e outras figuras públicas de renome internacional, como a atriz norte-americana Susan Sarandon e o ator irlandês Liam Cunningham.
Cerca de 20 barcos saíram de Barcelona no domingo e a organização prevê que a viagem até Gaza leve perto de duas semanas.
Israel tem em curso uma ofensiva militar na Faixa de Gaza desde que sofreu um ataque do grupo islamista Hamas em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.
De acordo com dados divulgados pelas autoridades do enclave palestiniano, a ofensiva lançada por Israel em Gaza já fez mais de 63 mil mortos.
Em 22 de agosto, a ONU declarou oficialmente a fome na cidade de Gaza, depois de os especialistas terem alertado que 500.000 pessoas se encontram numa situação catastrófica.
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