"Ameaçam matar-me a mim, ao primeiro-ministro e à minha família diariamente. Também estão a atear fogo. Disseram que cercariam a minha casa, a casa do primeiro-ministro, com um anel de fogo, como grupos fascistas", declarou Netanyahu, após várias pessoas terem incendiado veículos junto da sua residência na manhã de hoje em Jerusalém.
O chefe do governo israelita insistiu que os autores destes protestos "falam e comportam-se como fascistas", quando o seu Governo enfrenta amplos protestos em Israel e no estrangeiro pela condução da guerra contra o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.
"O que está a acontecer aqui é simples. Não há controlo e, quando não há, a violência aumenta. Começaram por partir bloqueios e tentar derrubar vedações, depois lançaram sinalizadores que quase queimaram vivo um guarda perto da minha casa, e agora estão a formar um anel de fogo", descreveu.
Netanyahu disse que "não há absolutamente nenhuma aplicação da lei" e que esta situação "precisa de mudar", expressando que pretende das autoridades responsáveis o cumprimento das regras, que é o que "o povo israelita exige para que haja democracia".
Apesar de reconhecer que as manifestações são legítimas em democracia, o primeiro-ministro israelita disse que os protestos são "financiados, organizados e politizados contra o governo" e que todas as linhas foram ultrapassadas.
"Estão a vandalizar propriedades, a bloquear estradas, a infligir sofrimento a milhões de cidadãos e a perseguir os eleitos", frisou.
Vários membros do executivo israelita condenaram os incidentes e também políticos da oposição, embora tenham acusado o Governo de abandonar os reféns mantidos pelas milícias palestinianas na Faixa de Gaza.
Um grupo de manifestantes ateou fogo hoje a veículos e contentores localizados perto da residência do primeiro-ministro israelita, para pressionar o Governo a aceitar um cessar-fogo na Faixa de Gaza que permita a libertação dos 48 reféns, dos quais se estima que 20 estejam vivos.
Segundo as autoridades locais, os incêndios propagaram-se naquela área de Jerusalém e obrigaram moradores a abandonar as suas casas.
Ao mesmo tempo, dezenas de manifestantes invadiram a Biblioteca Nacional e subiram ao telhado do edifício, localizado perto do parlamento israelita (Knesset), onde desenrolaram faixas com a imagem de Netanyahu e a mensagem "Vocês abandonaram e mataram [os reféns]".
As forças de segurança israelitas classificaram estes atos como criminosos e lamentaram que os autores estejam a tentar "camuflar estas ações, fazendo-as parecer protestos".
O Governo de Netanyahu enfrenta contestação nas ruas desde há vários meses por várias razões, incluindo suspeitas de corrupção no seu gabinete, e também a condução do conflito no território palestiniano, que se intensificou nos últimos dias, após o aval do executivo a um plano para ocupar a Cidade de Gaza e deslocar centenas de milhares dos seus habitantes.
Segundo Netanyahu, o plano visa eliminar as últimas bolsas do Hamas, recuperar os reféns e entregar o território a uma administração civil não hostil a Israel.
Familiares de reféns receiam no entanto que as operações militares coloquem as suas vidas em perigo, ao mesmo tempo que o Governo israelita enfrenta uma vaga de críticas internacionais desde que anunciou o seu plano militar para uma região já atingida pela fome, segundo a ONU.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala no enclave palestiniano, que já provocou mais de 63 mil mortos, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e um desastre humanitário sem precedentes na região.
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