"Estes apelos incendiários confirmam a abordagem contínua e sistemática da ocupação [Israel] para desestabilizar a segurança e a estabilidade na região", disse o secretário-geral da aliança, Jassim Al Budaiwi, num comunicado citado pela agência noticiosa espanhola EFE.
Smotrich, que é ministro das Finanças, propôs hoje ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a anexação da Cisjordânia ocupada e o estabelecimento de uma "clara maioria judaica" no território.
O também líder do Partido Nacional Religioso -- Sionismo Religioso, que integra a coligação governamental, apresentou um plano para anexar 82% da Cisjordânia ocupada, excluindo apenas as principais cidades palestinianas.
Smotrich defendeu a manutenção do máximo de território e o "mínimo de população" como princípio da soberania de Israel sobre a Cisjordânia e que os inimigos devem ser impedidos de viver confortavelmente, referindo-se aos palestinianos.
"Desta forma, manteremos uma clara maioria judaica num Estado de Israel judaico e democrático", afirmou Smotrich.
O secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo considerou que as declarações de Smotrich refletem a insistência do dirigente de extrema-direita "em minar as oportunidades de paz".
Criticou o "flagrante desafio às convenções internacionais" de Smotrich, bem como a "contínua violação de todas as leis e normas" por parte do ministro israelita.
Al Budaiwi exortou a comunidade internacional a tomar "medidas imediatas e dissuasivas" para impedir tais apelos, bem como as "práticas perigosas das forças de ocupação israelitas".
Reafirmou o apoio do CCG à "luta contra declarações e práticas agressivas" e aos direitos legítimos do povo palestiniano à independência da Palestina, com as fronteiras de 04 de junho de 1967 e Jerusalém Oriental como capital.
O CCG é formado pela Arábia Saudita, Kuwait, Omã, Qatar, Emirados Árabes Unidos e Bahrein, sendo estes dois últimos os únicos que mantêm relações diplomáticas com Israel na região do Golfo.
A Cisjordânia é um território palestiniano sob ocupação israelita desde 1967, situado na margem ocidental do rio Jordão.
Também hoje, uma organização não-governamental (ONG) israelita condenou a decisão do Ministério da Defesa de nacionalizar cerca de 45,5 hectares no norte da Cisjordânia ocupada para expandir o colonato de Havat Gilad.
A organização Peace Now considerou que a medida afasta a possibilidade de paz e dificulta a resolução do conflito entre israelitas e palestinianos.
"Hoje, é evidente para todos que este conflito não pode ser resolvido sem um acordo político no âmbito do qual será estabelecido um Estado palestiniano na Cisjordânia", afirmou a ONG.
"Mas o Governo israelita opta por dificultar isso e afastar-nos da possibilidade de paz e do fim do derramamento de sangue", denunciou.
Segundo a Peace Now, a nacionalização de terras é um dos principais métodos de Israel para controlar os territórios ocupados, restringindo o seu uso aos palestinianos e atribuindo-as apenas aos israelitas.
O colonato de Havat Gilad, fundado em 2002 perto de Nablus, está localizado em grande parte em terras privadas palestinianas, pelo que a nacionalização exigirá a relocalização das habitações existentes.
O terreno nacionalizado faz parte das aldeias palestinianas de Jit, Tell e Fara'ata, de acordo com a Peace Now.
Desde que o atual Governo israelita assumiu o poder em dezembro de 2022, cerca de 2.500 hectares foram declarados terras do Estado, quase metade de todas as terras nacionalizadas desde os Acordos de Oslo.
Só em 2024 ocorreu o maior aumento em 27 anos, com 2.400 hectares convertidos em terras do Estado, de acordo com dados recolhidos pela organização.
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