Os últimos dias têm sido de grande agitação na China. Depois da Organização de Cooperação de Xangai, que reuniu vários líderes mundiais, seguiu-se uma parada militar, em Pequim, que juntou ao presidente chinês, Xi Jinping, os líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da Coreia do Norte, Kim Jong-un. Quem não gostou foi Donald Trump, que fez questão de expressar isso mesmo.
A parada, para assinalar o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico, teve início após um discurso do presidente chinês, no qual afirmou que o "rejuvenescimento da nação chinesa é imparável".
"O rejuvenescimento da nação chinesa é imparável e a nobre causa da paz e do desenvolvimento da humanidade triunfará certamente", declarou Xi Jinping, num discurso perante dezenas de milhares de pessoas na Praça de Tiananmen.
"O mundo volta a enfrentar uma escolha entre a paz e a guerra, o diálogo e o confronto", acrescentou o líder chinês, num momento de crescentes tensões geopolíticas e desafios à ordem internacional do pós-guerra.
Num discurso breve, Xi recordou as vítimas da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e apelou à erradicação das causas da guerra, para evitar a repetição da História. A principal mensagem, contudo, foi de afirmação do papel da China no mundo: "O povo chinês é um povo que não teme a violência, é autossuficiente e forte", disse.
"Seguiremos o caminho do desenvolvimento pacífico e trabalharemos de mãos dadas com os povos de todos os países para construir uma comunidade de futuro partilhado para a humanidade", sublinhou.
Seguiu-se a parada, com tropas a marchar em passo ritmado na avenida Chang'an, para a revista do chefe de Estado, que também preside à Comissão Militar Central. Xi percorreu o alinhamento militar numa limusina preta clássica, saudando os soldados e colunas de mísseis e veículos blindados, enquanto estes respondiam em uníssono com lemas como "Servimos o povo".
O evento contou com a exibição de mísseis, caças modernos e outros equipamentos militares, muitos dos quais mostrados ao público pela primeira vez, num sinal do crescente peso que a China quer assumir no palco internacional.
A cerimónia começou com uma salva de 80 tiros de artilharia e a execução do hino nacional, 'Marcha dos Voluntários', composto em 1935 durante a resistência à invasão japonesa.
Xi chegou à Porta de Tiananmen com os convidados de honra, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un. Os três subiram juntos à tribuna de honra, após saudarem individualmente cinco veteranos da Segunda Guerra Mundial, alguns com mais de 100 anos.
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"Calorosos cumprimentos a Vladimir Putin e Kim Jong-un"
Durante o desfile, o presidente norte-americano, Donald Trump, fez questão de se pronunciar e questionou, nas redes sociais, se Xi reconheceria o contributo dos soldados dos Estados Unidos no conflito, e ironizou: "Transmita os meus calorosos cumprimentos a Vladimir Putin e Kim Jong-un, enquanto conspiram contra os Estados Unidos da América".
Na sua intervenção, note-se, Xi não mencionou os Estados Unidos, mas agradeceu o apoio dos países estrangeiros que ajudaram a China na resistência contra a invasão japonesa.
É de notar que o reencontro entre os três líderes acontece duas semanas após Trump ter-se reunido com Putin no Alasca, num encontro que terminou sem acordo para um cessar-fogo na Ucrânia.
É de realçar que, também nas redes sociais, o presidente de Taiwan, William Lai Ching-te, criticou o "culto a ditadores" e as redes de polícia secreta em regimes autoritários.
"O fascismo abrange o nacionalismo extremo, a procura de um grande rejuvenescimento nacional ilusório, o controlo interno rígido do discurso, a repressão da diversidade social, a criação de redes de polícia secreta e o culto descarado a ditadores", escreveu William Lai, na rede social Facebook.
Pequim, recorde-se, considera Taiwan uma "parte inalienável" do território chinês e não descarta o uso da força para anexar a ilha, um dos objetivos de longo prazo de Xi após ter assumido o poder em 2012.
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