"Nos últimos 35 anos, a desflorestação foi responsável por aproximadamente 74% do declínio de 21 milímetros na estação seca e por 16,5% do aumento de 2°graus celsius (ºC) na temperatura máxima do ar à superfície", indica o artigo referente ao estudo baseado em dados de satélite de grande escala.
A análise revela que a desflorestação associa-se à quantidade de chuva que diminuiu e a destruição da floresta da Amazónia, na América do Sul, é também responsável por 16,5% do aumento médio de 2ºC da temperatura registada na região (os restantes 83,5% do aumento são atribuídos às alterações climáticas).
O estudo mostra ainda que o clima da Amazónia não responde de forma linear à desflorestação e que as alterações mais acentuadas ocorrem no início do processo de destruição da floresta, entre os primeiros 10 e 40% da perda de cobertura florestal.
Os investigadores utilizaram dados de satélite que abrangem aproximadamente 2,6 milhões de quilómetros quadrados da Floresta Amazónia, entre 1985 e 2020, destacando que os efeitos da desflorestação e das alterações climáticas globais no clima da região também foram quantificados.
"Analisámos dados de longo prazo sobre as alterações atmosféricas e de cobertura do solo em 29 áreas da Amazónia Legal brasileira de 1985 a 2020, utilizando modelos estatísticos paramétricos para desvendar os efeitos da perda florestal e das alterações na temperatura, precipitação e taxas de mistura de gases com efeito de estufa", indica o estudo.
Com os dados, tendo em conta a desflorestação atual, os autores preveem que em 2035 a região amazónica experimente um aumento médio da temperatura de 2,64ºC e uma redução da precipitação de 28,3 milímetros por estação seca, em comparação com os dados de 1985.
O estudo mostra como a destruição da Amazónia (considerada o "pulmão do planeta"), juntamente com o aumento das emissões globais, levou a uma transformação radical da floresta tropical.
A Amazónia é a maior floresta tropical da Terra e desempenha um papel fundamental na manutenção da estabilidade climática regional e global.
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