"Nenhuma ofensiva, tentativa de anexação ou deslocação de populações interromperá o impulso que criámos com o príncipe herdeiro e ao qual muitos parceiros já aderiram", declarou o líder francês numa mensagem na rede social X, relatando uma conversa com o herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.
As palavras de Macron surgem numa fase em que Israel se prepara para lançar uma vasta operação militar na Faixa de Gaza, onde pretende ocupar a principal cidade do enclave palestiniano e deslocar centenas de milhares dos seus habitantes, a par de planos de construção de mais colonatos na Cisjordânia ocupada, que poderão levar à anexação deste território.
O líder francês dirigiu também críticas a Washington, considerando que a decisão de não conceder vistos às autoridades palestinianas para a Assembleia-Geral da ONU, a decorrer este mês em Nova Iorque, é inaceitável.
"Pedimos a reversão desta medida e que seja permitida a representação palestiniana em conformidade com o acordo de sede" da organização, acrescentou.
O Presidente francês recordou que vai copresidir com o príncipe herdeiro saudita a uma conferência sobre a "solução de dois Estados" no dia 22 de setembro na sede da ONU.
No decurso da próxima Assembleia-Geral das Nações Unidas, a França e vários outros países, incluindo Portugal, preparam-se para formalizar o seu reconhecimento do Estado palestiniano.
Emmanuel Macron antecipa, por isso, uma potencial reação de Israel a este movimento internacional, que Telavive considera equivalente à atribuição de "uma recompensa ao Hamas", após os massacres do grupo islamita contra o território israelita em 07 de outubro de 2023.
Na sua mensagem, Emmanuel Macron apela para um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza, para a libertação de todos os reféns em posse das milícias palestinianas e para "a entrega em massa de ajuda humanitária à população" do território, bem como o envio de uma missão de estabilização.
"Estamos também a trabalhar para garantir que, no dia seguinte, o Hamas seja desarmado e excluído de qualquer governação de Gaza, que a Autoridade Palestiniana seja reformada e reforçada e que a Faixa de Gaza seja totalmente reconstruída", acrescentou.
O movimento para reconhecer um Estado palestiniano está também a causar descontentamento nos Estados Unidos.
Em conversa com o homólogo francês, Jean-Noël Barrot, o chefe da diplomacia de Washington, Marco Rubio, reiterou a "forte oposição" de Washington a qualquer reconhecimento unilateral de um Estado palestiniano, segundo informou o Departamento de Estado norte-americano.
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