"Dado o progresso dos trabalhos de hoje, não estamos apenas dispostos e capazes, mas estamos prontos. Essa é a mensagem-chave", destacou um conselheiro de Macron citado pela agência France-Presse (AFP).
A reunião, promovida por Paris, juntará no Palácio do Eliseu e por videoconferência os líderes dos principais países europeus, a presidente da Comissão Europeia e o secretário-geral da NATO, que esperarão depois por uma resposta dos Estados Unidos.
"O que procuraremos na quinta-feira é a confirmação deste padrão: que a Coligação dos Dispostos tenha de facto o apoio dos americanos para garantir a segurança da Ucrânia", acrescentou o conselheiro do Presidente Emmanuel Macron.
A Coligação dos Dispostos reúne cerca de 30 países, na maioria europeus, prontos a prestar apoio ao Exército ucraniano, ou mesmo a enviar soldados para a Ucrânia em caso do fim das hostilidades, como forma de dissuadir a Rússia de nova agressão.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que estará presente no Palácio do Eliseu, vai reunir-se com Emmanuel Macron em Paris, na quarta-feira à noite.
Segundo a AFP, os ministros da Defesa dos principais países da coligação também se reunirão previamente na quarta-feira por videoconferência.
A presidência francesa insistiu que os europeus vão assumir as suas responsabilidades desde que os norte-americanos "assumam as suas", referindo-se a uma rede de segurança para poderem atuar, a par de esforços de Washington para que seja alcançado um cessar-fogo na Ucrânia.
As garantias de segurança foram abordadas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, durante uma reunião com seis líderes europeus e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, em 18 de agosto, na Casa Branca.
Esta reunião aconteceu logo após uma cimeira que reuniu Trump e o homólogo russo, Vladimir Putin, no Alasca, em que o líder do Kremlin admitiu pela primeira vez que poderá aceitar garantias de segurança para a Ucrânia, mas sem pormenores, embora Moscovo tenha sinalizado várias vezes que rejeita a presença de tropas de países da NATO no país vizinho.
Donald Trump tentou também, até agora em vão, organizar uma cimeira entre Putin e Zelensky.
Emmanuel Macron "voltará a falar com o Presidente Trump muito em breve", e os Estados Unidos estarão representados na reunião de quinta-feira, indicou ainda a presidência francesa, sem adiantar mais pormenores.
A dois dias da reunião, o chanceler alemão, Friedrich Merz, defendeu que eventuais garantias de segurança à Ucrânia deverão ser enquadrados pela chamada Coligação dos Dispostos e não pela União Europeia (UE), como sugeriu a chefe do executivo do bloco comunitário.
"A garantia de segurança mais importante que podemos oferecer agora é o apoio suficiente aos esforços da Ucrânia para defender o país. E sabemos que devemos continuar, mesmo para além de possíveis negociações de cessar-fogo e de paz, porque a Ucrânia precisa de estar preparada para defender o país a longo prazo, e queremos ajudá-la", afirmou Friedrich Merz.
"Quando digo 'nós', refiro-me sobretudo à Coligação dos Dispostos", precisou, argumentando que "a UE desempenha certamente um papel", mas, no que toca a apoio militar, este "é do domínio exclusivo dos Estados-membros e dos restantes países envolvidos".
Merz citou o exemplo do Reino Unido, que já não é membro da União Europeia, mas está no círculo dos países que lideram a Coligação dos Dispostos.
"É por isso que é uma tarefa que cabe mais a esta constelação do que à UE", insistiu, fazendo eco do ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, que já tinha criticado as declarações da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na segunda-feira sobre um possível envio conjunto de tropas de manutenção da paz.
Ao fim de mais de três anos da invasão russa da Ucrânia, as propostas para um acordo de paz entre Moscovo e Kiev têm fracassado, apesar das iniciativas do Presidente norte-americano, Donald Trump, para aproximar as partes.
O líder russo, Vladimir Putin, exige que a Ucrânia ceda territórios e renuncie ao apoio ocidental e à adesão à NATO, condições que Kiev considera inaceitáveis, reivindicando pelo seu lado um cessar-fogo imediato como ponto de partida para um acordo de paz, a ser salvaguardado por garantias de segurança.
Vários países europeus estão a colocar pressão para agravar as sanções dos Estados Unidos aos interesses russos, para forçar Moscovo a sentar-se à mesa das negociações e cessar de imediato as hostilidades.
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