"O reconhecimento é um primeiro passo. Não é um passo final. É apenas um primeiro passo significativo e importante, num impulso internacional para implementar a solução de dois Estados, em vez de negociar", afirmou o diplomata, durante um evento em Londres organizado pelo centro de estudos britânico Chatham House.
Zomlot admitiu que "é preciso haver muitos outros passos sobre os quais possamos construir, mas é um primeiro passo, sem o qual não podemos chegar à meta".
O representante disse esperar que este seja o início de uma "caminhada, ou uma corrida, de um ano e meio e no máximo, para realmente implementar as resoluções internacionais, em vez de as negociar".
A Bélgica anunciou que vai reconhecer o Estado da Palestina na Assembleia-geral da ONU, este mês, alinhando-se com um crescente número de países que sinalizaram a mesma intenção, incluindo França, Reino Unido e Canadá.
Em julho, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, afirmou que ia consultar o Presidente da República e os partidos políticos da oposição com vista a esta decisão.
A Palestina já é reconhecida por dezenas de outros países, incluindo 10 europeus, mas Zomlot considerou que o peso do Reino Unido enquanto antigo país colonizador da região é significativo.
Zomlot lamentou a falta de liderança dos Estados Unidos, salientando que "o resto do mundo é crucial" para pressionar Israel a aceitar um cessar-fogo e um processo de paz na região.
"É por isso que precisamos de criar pressão, não apenas reconhecimento, [mas] sanções e responsabilização nas arenas internacionais, no TPI [Tribunal Penal Internacional], embargo total de armas", disse.
Sobre um futuro Estado da Palestina, o diplomata argumentou que, no imediato e após o fim das hostilidades, deve ser a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), dirigida por Mahmud Abbas, a assumir as temporariamente o controlo até à realização de eleições "no espaço de um ano no máximo".
"Na nossa opinião, a única solução para a situação interna é ir a votos", vincou, convencido de que "o povo palestino é muito inteligente".
"Eles vão eleger as pessoas que realmente os vão servir melhor. Por isso, deixem isso com eles. Vão ver que eles estão mais conscientes do que o resto da comunidade internacional sobre quem é o melhor para os liderar", prometeu.
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