Três dos manifestantes foram condenados a dois anos e meio de prisão e outros cinco a dois anos, sendo que todos foram acusados de "organizar ou participar em ações coletivas de perturbação da ordem pública", avançou a imprensa georgiana.
As sentenças, proferidas por um tribunal da capital, Tbilissi, surgem após uma série de detenções de líderes da oposição, ativistas dos direitos humanos e jornalistas, numa vaga de repressão que está a gerar preocupação e a ser condenada por vários países ocidentais.
A Geórgia, oficialmente candidata à adesão à UE, enfrenta uma grave crise política desde a vitória do partido Sonho Georgiano nas eleições legislativas de 2024, que foi rejeitada pela oposição e levou a protestos de várias semanas.
Os opositores acusaram o partido --- que se tem afastado das negociações de adesão à UE --- de uma postura de autoritarismo pró-Russia, acusações rejeitadas pelo Governo.
"Terror na Geórgia: mais um veredicto politicamente motivado hoje", escreveu a ex-presidente e agora líder da oposição Salome Zurabishvili nas redes sociais, reagindo às sentenças do tribunal de Tbilissi.
"Esta é uma repressão orquestrada pelo Estado, que mina a liberdade, a justiça e o caminho europeu da Geórgia", acrescentou.
Desde as legislativas de final de outubro, a Geórgia dividiu-se quase ferozmente entre os que apoiam a manutenção da aproximação ao Ocidente e, consequentemente, a adesão ao bloco dos 27, e os que preferem a proteção e proximidade da Rússia, remetendo aos tempos em que a pequena república pertencia à União Soviética.
Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se nas ruas em Tbilissi durante meses, mas o clima de repressão levou gradualmente a uma queda da participação.
Antes das eleições do ano passado, o Sonho Georgiano anunciou a sua intenção de banir todos os principais partidos da oposição.
Bruxelas considerou que o retrocesso democrático da Geórgia a estava a afastar da sua candidatura à UE, consagrada na Constituição do país e apoiada por cerca de 80% da população, segundo as sondagens de opinião.
Vários países europeus, assim como os Estados Unidos, impuseram sanções a alguns dirigentes do partido Sonho Georgiano.
A reação às eleições continuou mesmo depois da eleição, em dezembro, de Mikhail Kavelashvili como novo Presidente da Geórgia.
Kavelashvili, que era o único candidato na corrida, concorreu pelo Sonho Georgiano, mas foi fundador do Força Popular, um movimento que promoveu a aprovação de leis contra a influência estrangeira e as minorias sexuais.
Estas leis foram condenadas pela oposição e pelo Ocidente pela semelhança com as regras draconianas promulgadas pela Rússia para reprimir a oposição e os homossexuais.
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