O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou, esta segunda-feira, que os seus homólogos russo e ucraniano, Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, respetivamente, "ainda não estão prontos" para uma reunião.
As declarações surgem depois de o presidente turco ter discutido formas de acabar com a guerra na Ucrânia durante conversas com Putin, à margem da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), na China, e com Zelensky, por telefone.
Em declarações aos jornalistas, quando regressava da China, Erdogan afirmou que as conversações entre as autoridades russas e ucranianas em Istambul mostraram que o caminho para a paz continua aberto.
O presidente sublinhou que a Turquia é a favor de "aumentar gradualmente o nível das negociações", mas as conversas com os seus homólogos mostraram que "ainda não estão prontos".
"Quando lhes disse que podia haver uma iniciativa para dar continuidade ao processo de Istambul na Turquia, responderam: 'Porque não?' Mas ainda não estão preparados para isso", declarou o presidente turco.
Sublinhe-se que no encontro com Erdogan, na segunda-feira, Putin reconheceu os esforços de Ancara para resolver a guerra na Ucrânia.
"Reconhecemos aos nossos amigos turcos a importante contribuição para os esforços políticos e diplomáticos com vista à resolução da crise na Ucrânia", afirmou Putin, citado pela agência de notícias oficial russa TASS, à margem da 25ª cimeira da Organização de Cooperação de Xangai, que decorreu na cidade chinesa de Tianjin.
O líder russo lembrou as três rondas de negociações diretas realizadas em Istambul entre delegações da Rússia e da Ucrânia, encontros que permitiram avanços em "diversos problemas práticos no plano humanitário", nomeadamente acordos de troca de prisioneiros.
"Estou confiante de que o papel essencial da Turquia vai continuar a ser necessário nestes assuntos", acrescentou.
Também Zelensky tem mantido conversas com Erdogan ao longo dos últimos meses. Na quinta-feira, o presidente ucraniano adiantou que discutiu "extensivamente" as garantias de segurança para a Ucrânia com o seu homólogo turco.
"Conversei com o presidente da Turquia. Obrigado pelo seu apoio à Ucrânia e ao nosso povo, pela constante disponibilidade e compromisso em ajudar a alcançar uma paz genuína. Valorizamos profundamente toda a assistência prestada pela Turquia", destacou Zelensky na rede social X, acrescentando que discutiram "extensivamente as garantias de segurança".
I spoke with President of Türkiye @RTErdogan. Thank you for your support of Ukraine and our people, for the constant readiness and commitment to help achieve a genuine peace. We deeply value all the assistance provided by Türkiye.
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 28, 2025
We exchanged views on the current situation and… pic.twitter.com/wL5Yd5XNfX
A Rússia tem rejeitado qualquer acordo para um cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie para sempre a aderir à NATO.
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
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