"Tomei posse no Conselho de Estado porque lá quero defender o meu povo e vou defender o meu povo, vou continuar a defender o meu povo, é a única coisa que vos posso dar garantia (...). A minha única missão neste mundo é para fazer aquilo para o que fui nascido. Eu fui nascido para defender o meu povo, para lutar por aqueles que são os mais desfavorecidos", disse Venâncio Mondlane, em direto na sua conta oficial do Facebook.
Mondlane participou hoje na primeira reunião do Conselho de Estado moçambicano como o segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais, conforme prevê a Constituição, referindo que tomou posse no órgão para defender "o mais fraco".
"Em todo lugar onde fui, a minha visão sempre foi defender o mais fraco. Aquele que é forte não me interessa, já é forte, não precisa de mim", referiu.
Nas suas declarações, afirmou não haver "nenhum pagamento" nem dinheiro que corrompa a sua consciência durante a presença naquele órgão, avisando que está lá também porque quer que o seu partido, Anamola, funcione dentro da legalidade.
"Tomei posse e, vocês sabem muito bem, não é porque concordo. Nós ganhámos as eleições, mas, nesta altura, nós já formamos o nosso partido Anamola e estamos a nos preparar para as próximas eleições. Significa que, nesta altura, estamos a preparar para, em 2028, ganharmos a maior parte dos municípios e, em 2029, finalmente, ganharmos a presidência da República", disse, avisando que quer o partido a vencer as próximas eleições autárquicas e gerais.
"Isto é que nós todos estamos empenhados e se estamos empenhados nisto, então temos que correr para o nosso partido funcionar dentro da lei, dentro da Constituição, porque vamos ganhar as próximas eleições, não haja dúvidas quanto a isso", acrescentou.
O Presidente moçambicano apelidou hoje, após a cerimónia de posse, em Maputo, de "equipa de sonho" a nova composição do Conselho do Estado.
Foram empossados esta manhã os históricos da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) Alberto Joaquim Chipande, Graça Machel, Eduardo Silva Nihia e Felizarda de Boaventura Paulino, "personalidades de reconhecido mérito designadas pelo Presidente da República pelo período do seu mandato".
Integram ainda o órgão, a presidente da Assembleia da República, Margarida Talapa, a primeira-ministra, Maria Benvinda Levy, a presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, o Provedor de Justiça, Isac Chande, os antigos Presidentes da República Joaquim Chissano, Emílio Guebuza e Filipe Nyusi, e os antigos presidentes do parlamento Eduardo Joaquim Mulémbwè, Verónica Macamo e Esperança Bias.
Inclui igualmente, entre outros, Albino Forquilha, Ossufo Momade e Lutero Simango, respetivamente presidentes dos três maiores partidos da oposição, Podemos, Renamo e MDM, escolhidos pelo parlamento, e Venâncio Mondlane.
A Constituição da República define que o Conselho de Estado é um "órgão político de consulta do Presidente", que o preside, e que os seus membros "gozam de regalias, imunidades e tratamento protocolar a serem fixadas por lei".
Venâncio Mondlane liderou a pior contestação aos resultados eleitorais desde as primeiras eleições multipartidárias (1994), com protestos em que cerca de 400 pessoas perderam a vida devido a confrontos com a polícia, que resultaram ainda em saques e destruição de empresas e infraestruturas públicas.
O Ministério Público (MP) moçambicano acusou, em julho, Mondlane de ter apelado a uma "revolução" nos protestos pós-eleitorais, provocando "pânico" e "terror" na população, responsabilizando-o pelas mortes e por mergulhar o país no "caos".
Os partidos moçambicanos assinaram em 05 de março um compromisso político com o Presidente de Moçambique, visando reformas estatais, posteriormente transformado em lei.
Em 23 de março, Mondlane e Chapo encontraram-se pela primeira vez e assumiram o compromisso de acabar com a violência pós-eleitoral, tendo voltado a reunir-se em 21 de maio com uma agenda para pacificar o país.
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