"A supervisão do processo de troca de combustível de Bushehr estava na agenda e, com a permissão da Secretaria do Conselho Supremo de Segurança Nacional, foi realizada. Dois inspetores vieram, supervisionaram o processo e foram embora", declarou Mohammad Eslami, chefe da Agência de Energia Atómica do Irão, à televisão estatal iraniana.
Segundo Eslami, os inspetores da AIEA abandonaram o país sem inspecionar as centrais atacadas pelos Estados Unidos e Israel em junho.
Eslami afirmou que o processo de troca de combustível na central nuclear de Bushehr foi realizado dentro da lei aprovada pelo Parlamento após a guerra de 12 dias com Israel e o bombardeamento norte-americano de três instalações nucleares iranianas em junho. Esta lei suspendeu a cooperação com a agência nuclear da ONU e obrigou os seus inspetores a abandonar o Irão.
De acordo com a lei, a cooperação do Irão com a AIEA deve ser implementada sob uma nova estrutura, sendo o Conselho Supremo de Segurança Nacional responsável pela tomada de decisões.
"A objeção do Irão é que o sistema de gestão e liderança da AIEA opera sob a influência das potências dominante e o próprio diretor-geral é o principal problema", denunciou o responsável nuclear iraniano.
Eslami sublinhou que os regulamentos da agência nuclear internacional são regras escritas que, de acordo com a legislação da ONU, devem ser seguidas, "no entanto, operam de forma seletiva e com dois pesos e duas medidas."
O responsável da agência nuclear iraniana indicou que foram realizadas duas reuniões para definir a nova forma de cooperação com a organização, estando prevista uma terceira, sem especificar a data.
A inspeção das instalações nucleares do Irão foi uma das condições estabelecidas pelos três países europeus conhecidos como E3 [França, Alemanha e Reino Unido] para prolongar o prazo para o restabelecimento das sanções da ONU contra a República Islâmica.
Na quinta-feira, o E3 ativou o mecanismo que restabelece as sanções internacionais contra Teerão no prazo de 30 dias, pois as autoridades iranianas não concordaram com o pedido de inspeções e nem a retomada das negociações com os Estados Unidos.
Sobre a medida adotada pelos europeus, Eslami afirmou que Teerão já a tinha antecipado e que os "inimigos" procuraram sempre pretextos para pressionar o povo iraniano.
"O seu principal objetivo é colocar o país de rastos, mas o Irão, apesar das sanções, não se rendeu", concluiu.
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