Weston Halsne, cuja história correu mundo depois de sobreviver ao tiroteio numa escola católica de Minneapolis, no estado norte-americano do Minnesota, graças a um amigo que o protegeu, ficou com um fragmento de bala alojado nos pescoço e os pais falam, agora, num "milagre".
De recordar que a criança, de 10 anos, estava a assistir à missa matinal na Escola Católica Annunciation, na última quarta-feira, quando mais de 100 tiros foram disparados. Weston agachou-se juntos aos bancos, mas foi protegido pelo amigo Victor, que foi baleado e ficou ferido no ataque. O menino partilhou a sua história, que rapidamente se tornou viral.
Descobriu-se, entretanto, que o menino tinha um fragmento de bala no pescoço, perigosamente próximo da artéria carótida, o que tornou a sua sobrevivência um verdadeiro "milagre".
"Se [o fragmento da bala] tivesse ido mais longe, ele teria morrido", disse o pai de Weston, Grand Halsne, à NBC News.
O menino, que viu outro aluno à sua esquerda ser morto, terá agora de ser submetido a uma cirurgia para remover o fragmento. Além disso, está também a lidar com o trauma causado pelo incidente. Weston tem medo de ficar sozinho e assusta-se com barulhos mais altos.
Uma tia criou uma página de angariação de fundos na plataforma GoFundMe, cujas contribuições serão destinadas às despesas médicas de Weston, aconselhamento pós-traumático e apoio à família.
Recorde-se que duas crianças morreram - Harper Moyski, de 10 anos, e Fletcher Merkel, de 8 anos - e 17 outras pessoas ficaram feridas.
A suspeita, Robin Westman, uma mulher transgénero de 23 anos, ter-se-á aproximado da parte lateral do edifício e abriu fogo, através das janelas, sobre as crianças que estavam sentadas em bancos a assistir à missa na primeira semana de aulas. Depois, tirou a própria vida
O incidente está a ser investigado como um "ato de terrorismo doméstico" e um "crime de ódio contra católicos", confirmou o diretor do FBI, Kash Patel. Em conferência de imprensa, Jacob Frey, presidente da Câmara de Minneapolis, lamentou o sucedido.
"Não é possível expressar em palavras a gravidade, a tragédia ou a dor absoluta deste momento", disse, referindo que as crianças afetadas "estavam literalmente a rezar" quando aconteceu o tiroteio em massa.
"Não pensem nisto como se fossem apenas os filhos de outras pessoas... Pensem nisso como se fossem os vossos próprios filhos", apelou.
Sabe-se que Robin não tinha antecedentes criminais, que terá agido sozinha, e que usou três armas, que tinham sido compradas "recentemente", de acordo com Brian O'Hara, chefe da polícia de Minneapolis.
"Havia uma espingarda, uma caçadeira e uma pistola. Todas as três armas foram compradas legalmente", indicou.
Numa nova conferência de imprensa, na última quinta-feira, Brian O’Hara disse que a atiradora "tinha muito ódio contra uma variedade de pessoas e grupos de pessoas" e "uma obsessão perturbadora com autores de tiroteios em massa anteriores".
"Esta pessoa cometeu este ato com a intenção de causar o máximo de terror, trauma e carnificina possível, apenas para obter notoriedade pessoas", afirmou O’Hara.
O procurador interino dos Estados Unidos para o estado do Minnesota, Joe Thompson, corroborou esta versão, numa conferência de imprensa no mesmo dia.
"A atiradora expressou ódio contra pessoas negras, a atiradora expressou ódio contra mexicanos, a atiradora expressou ódio contra cristãos, a atiradora expressou ódio contra judeus. Em resumo, a atiradora parece que nos odiava a todos", disse Thompson.
"Só aparenta haver um grupo que a atiradora não odiava, um grupo que até admirava. O grupo eram os atiradores e assassinos em série notórios neste país", acrescentou.
Thompson concluiu dizendo que "mais do que qualquer coisa, a atiradora queria matar crianças - crianças indefesas. Ela queria que as crianças sofressem".
Leia Também: Apoiantes de Trump usam tiroteio para "demonizar" comunidade transgénero