A resolução, redigida pelo França, foi adotada de forma unânime pelos 15 Estados-membros do Conselho de Segurança e renova o mandato da FINUL até 31 de dezembro de 2026.
O órgão da ONU "decide prorrogar pela última vez o mandato da FINUL (...) até 31 de dezembro de 2026 e iniciar uma redução e retirada ordenada e segura a partir de 31 de dezembro de 2026 e no prazo de um ano".
A FINUL foi criada para supervisionar a retirada das tropas israelitas do sul do Líbano após a invasão de Israel em 1978, tornando-se uma das missões mais longas dos 'capacetes azuis' no mundo.
O encerramento da missão deu-se após exigências nesse sentido por parte dos Estados Unidos e de Israel.
O Governo libanês havia solicitado uma renovação de um ano a partir de 1 de setembro - quando o mandato atual expira - e era esperado que fosse seguida por outras prorrogações, mas Washington pressionou para encerrar uma missão que acredita já ter cumprido o seu propósito.
Após a votação, a França defendeu que as operações em curso da FINUL são "vitais" e que qualquer retirada prematura pode prejudicar ou mesmo enfraquecer os esforços do Governo libanês na região do sul do país, onde o exército israelita mantém a sua presença.
Já os Estados Unidos frisaram que esta é a última vez que apoiarão um prolongamento desta missão da ONU.
"Os Estados Unidos observam que o primeiro 'I' na palavra FINUL correspondem à palavra 'interina'. Chegou a hora desta missão terminar. Esta é a última vez que iremos apoiar uma extensão da FINUL", sublinhou a embaixadora norte-americana, Dorothy Shea, avaliando que o ambiente de segurança no Líbano é "radicalmente diferente do que era há apenas um ano", o que gera espaço "para que o Líbano assuma uma maior responsabilidade".
De acordo com a resolução agora aprovada, e que enfrentou negociações difíceis ao longo de duas semanas, principalmente entre os Estados Unidos e a França, a FINUL deve iniciar uma retirada e um desligamento ordenados, "com o objetivo de tornar o Governo libanês o único provedor de segurança no sul do país".
A resolução também exige que o Governo israelita se retire ao sul da Linha Azul, a fronteira de facto entre os dois países, "incluindo as cinco posições que mantém em território libanês".
Durante o período de retirada de um ano, a resolução hoje aprovada diz que a FINUL está autorizada a fornecer segurança e assistência ao pessoal da ONU, para "se manter a par da situação nas imediações das instalações" da missão e para contribuir para a proteção de civis e a entrega segura de ajuda humanitária "dentro dos limites das suas capacidades".
A insistência de Washington pela retirada da FINUL atende a dois propósitos: alinha-se com a retórica do Governo de Donald Trump de reduzir os gastos da ONU em missões de paz e, por outro, responde à exigência de Telavive, que tradicionalmente acusa a FINUL de ser excessivamente condescendente com o grupo xiita libanês Hezbollah.
A FINUL desempenhou um papel significativo na monitorização da situação de segurança no sul do Líbano durante décadas, inclusive durante a guerra entre Israel e o Hezbollah no ano passado, mas recebeu críticas de ambos os lados e de vários legisladores norte-americanos, alguns dos quais ocupam agora cargos de destaque no Governo de Donald Trump ou exercem uma nova influência na Casa Branca.
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