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Ajuda a Gaza? Guterres exige fim de "mentiras", "desculpas" e obstáculos

O secretário-geral da ONU, António Guterres, exigiu hoje o fim das "mentiras", "desculpas" e "obstáculos" na entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, território sujeito a um "catálogo interminável de horrores". 

Ajuda a Gaza? Guterres exige fim de "mentiras", "desculpas" e obstáculos

© KHALED DESOUKI/AFP via Getty Images

Lusa
28/08/2025 15:44 ‧ há 5 horas por Lusa

"Gaza está coberta de escombros, de corpos e de exemplos do que podem ser graves violações do direito internacional", afirmou Guterres aos jornalistas, antes de discursar numa reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o Haiti.

 

"A fome da população civil nunca deve ser utilizada como método de guerra. Os civis devem ser protegidos. O acesso humanitário deve ser irrestrito. Chega de desculpas. Chega de obstáculos. Chega de mentiras", exigiu o líder da ONU.

Na semana passada, e pela primeira vez no Médio Oriente, a ONU declarou um cenário de fome em parte do território da Faixa de Gaza e disse que a situação podia ter sido evitada se não fosse "a obstrução sistemática de Israel".

O IPC (sigla em inglês), um organismo da ONU com sede em Roma que monitoriza a segurança alimentar a nível mundial, confirmou que uma situação de fome estava em curso em Gaza.

Contudo, Israel e Estados Unidos rejeitam as conclusões deste relatório, com membros do Governo israelita a defender que o documento foi "fabricado" de forma a "demonizar" Telavive.

Nas declarações aos jornalistas, Guterres criticou ainda os passos iniciais de Israel para tomar militarmente a Cidade de Gaza, classificando a situação como uma nova e perigosa fase no conflito e avaliando que a expansão das operações militares terá consequências devastadoras.

"Centenas de milhares de civis --- já exaustos e traumatizados --- seriam forçados a fugir mais uma vez, colocando as suas famílias em perigos ainda maiores. Isto precisa acabar", insistiu.

O ex-primeiro-ministro português condenou também o ataque israelita desta semana contra o Hospital Nasser, em Khan Yunis, que matou vários civis, incluindo profissionais de saúde e jornalistas, reforçando que tudo isto acontece "com todo o planeta a assistir".

"É preciso haver responsabilização", frisou.

"As pessoas estão a morrer de fome. As famílias estão a ser dilaceradas pelo deslocamento e pelo desespero. As grávidas enfrentam riscos inimagináveis. E os sistemas que sustentam a vida foram sistematicamente desmantelados. Estes são os factos no terreno. E são o resultado de decisões deliberadas que desafiam a humanidade básica", disse.

Dirigindo-se diretamente a Israel, o líder da ONU reforçou que, enquanto potência ocupante, Telavive tem obrigações claras, incluindo o dever de concordar e de facilitar um acesso humanitário muito maior, assim como de proteger os civis e as infraestruturas civis.

Desde o início deste conflito, em outubro de 2023, 366 funcionários da ONU foram mortos em Gaza.

Com um grande risco pessoal, os trabalhadores humanitários continuam a atuar no enclave palestiniano, mas os seus esforços estão a ser bloqueados, atrasados e negados diariamente, lamentou António Guterres, referindo-se aos obstáculos que Telavive impõe às missões de ajuda humanitária que esperam por dias nas fronteiras de Gaza sem obter uma autorização de passagem de Israel.

A solução, reiterou Guterres, está num cessar-fogo imediato, na libertação incondicional de todos os reféns mantidos pelo grupo islamita palestiniano Hamas e na entrada irrestrita de ajuda humanitária em Gaza.

A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

A retaliação de Israel já provocou mais de 62 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 300 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.

Leia Também: Ucrânia. Guterres condena ataques russos e renova apelo para cessar-fogo

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