De acordo com o relatório Despesas de Defesa dos Países da NATO (2014-2025), hoje divulgado, consolidando informação reportada pelos governos dos países aliados em relação a gastos militares executados ou previstos, Portugal irá dispender este ano mais de 5,9 mil milhões de euros, um aumento de quase 1,5 mil milhões de euros face ao estimado em 2024 e mais do dobro do registado em 2020.
Em relação ao PIB, a estimativa apresentada é de 2%, 0,42 pontos percentuais acima da estimativa de 2024 e 0,67 pontos acima do apurado em 2023.
A percentagem de gastos estimada para este ano por Portugal fica abaixo da média dos aliados europeus e Canadá (2,27%) e ainda mais do total (2,76%), que inclui os Estados Unidos, que têm de longe o maior orçamento de Defesa dos 32, perto de um bilião de dólares (859 mil milhões de euros) este ano.
Segundo os dados apresentados pela NATO, Portugal terá no final deste ano 24.900 militares, mais 900 do que a estimativa de 2024, mas menos 5.800 do que tinha em 2014.
Portugal tem estado nos últimos anos entre os aliados incumpridores da meta de 2%, e tal como outros membros deste grupo - Bélgica, Canadá, Espanha e Itália - passará a cumpridor até ao final do ano, de acordo com os dados apresentados.
Estes países terão assim demorado mais de 10 anos a atingir esta meta, estabelecida em 2014 pela NATO após a anexação da Crimeia pela Rússia.
Os dados hoje divulgados pela NATO indicam que a Polónia continuará a ser o país da Aliança Atlântica que dedicará a maior fatia do seu PIB a despesas de defesa em 2025 (4,48%).
Os Estados Unidos atingem 3,22% do PIB este ano, uma ligeira queda em relação aos anos anteriores, mas muito à frente de todos os outros países da NATO em termos absolutos.
Perante uma Rússia que segundo dados compilados pelo Stockholm International Peace Research Institute gasta atualmente o equivalente a 7,1% do PIB e prossegue há mais de três anos e meio uma guerra contra a Ucrânia, os países da NATO comprometeram-se a elevar a meta de gastos.
Igualmente sob pressão do Presidente norte-americano, Donald Trump, no final de junho os aliados comprometeram-se a quase duplicar o seu compromisso até 2035, aumentando para 3,5% a percentagem do PIB destinada a despesas estritamente militares.
Comprometeram-se ainda a dedicar 1,5% do PIB a despesas relacionadas com a segurança, como certas infraestruturas (estradas, pontes, entre outras).
No total, este compromisso representará 5% da riqueza produzida anualmente pelos 32 aliados, ou centenas de milhares de milhões de euros.
Só para 2025, a NATO prevê que os gastos militares ultrapassem 1,5 biliões de dólares (1,29 biliões de euros).
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, afirmou recentemente que Moscovo poderá lançar uma ofensiva "vitoriosa" na Europa nos próximos três a cinco anos, se nada for feito para criar uma força militar aliada com capacidade dissuasora.
O compromisso de 5%, assumido na cimeira da NATO em Haia (Países Baixos), foi criticado e até rejeitado pela Espanha, que embora não tenha renunciado à intenção de assinar a declaração final da cimeira, considerou que esta percentagem não se lhe aplicava.
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