O enviado de Donald Trump para as negociações com a Rússia, Steve Witkoff, já tinha indicado aos meios de comunicação social norte-americanos que se iria reunir com representantes ucranianos esta semana.
No seu discurso diário à nação, Volodymyr Zelensky revelou hoje também a nomeação da ex-vice-primeira-ministra e antiga ministra da Justiça Olga Stefanichyna para embaixadora em Washington, em plena fase de conversações promovidas por Donald Trump sobre uma solução para o conflito na Ucrânia.
O Presidente ucraniano mencionou sem detalhes a participação do seu chefe de gabinete, Andrii Yermak, e do seu antigo ministro da Defesa Rustem Umerov em reuniões na terça-feira sobre mediação no Qatar, outra hoje realizada na Arábia Saudita e uma terceira na quinta-feira na Suíça, antecedendo o encontro em Nova Iorque.
Na cidade norte-americana, "estarão envolvidos todos os que trabalham na essência das garantias de segurança", disse Zelensky, referindo-se a mecanismos que previnam uma nova agressão russa, e que disse envolverem as componentes militar, política e económica.
"A tarefa é agir o mais rapidamente possível, para que esta se torne também uma alavanca -- uma alavanca de influência. Os russos precisam de compreender a seriedade da determinação", declarou, acrescentando que a pressão sobre Moscovo "depende dos Estados Unidos e de todos aqueles que acreditam que esta guerra é verdadeiramente errada".
Zelensky indicou que recebeu na terça-feira uma atualização dos serviços de informação de Kyiv sobre "os próximos passos necessários em relação às sanções", incluindo entidades, indivíduos e esquemas usados para contornar as penalizações já em vigor, e que será transmitida aos aliados da Ucrânia.
O anúncio de Zelensky sobre as mais recentes rondas diplomáticas e o encontro de sexta-feira em Nova Iorque surge após o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ter hoje afirmado que Moscovo não tem datas específicas para possíveis negociações com Kyiv, embora tenha confirmado que os grupos de negociação dos dois países estão em contacto.
"Este trabalho continua e esperamos que continue. Todos os contactos devem ser cuidadosamente preparados para serem produtivos", observou Peskov, ao mesmo tempo que apelou para a reciprocidade da Ucrânia para alcançar um "acordo diplomático" que ponha fim à invasão russa.
No dia em que anunciou a nova representante ucraniana nos Estados Unidos, Zelensky mencionou duas propostas de Kyiv que estão em cima da mesa para reforçar a cooperação com Washington, uma das quais relacionada com a aquisição de armas norte-americanas com recursos europeus e a outra sobre fornecimento de drones ucranianos aos Estados Unidos.
Os Estados Unidos são o principal parceiro militar da Ucrânia na sua defesa contra a invasão russa, em curso desde fevereiro de 2022, embora o regresso de Donald Trump ao poder, em janeiro passado, tenha dificultado esta cooperação.
Um acordo no âmbito da NATO, já em execução, prevê o fornecimento de equipamento norte-americano de defesa aérea a Kyiv com financiamentos de outros membros da Aliança Atlântica, tendo sido anunciadas iniciativas nesse sentido da Alemanha, Países Baixos e dos Estados nórdicos.
O líder da Casa Branca criticou repetidamente os avultados apoios dos Estados Unidos a Kyiv, assumidos na gestão do seu antecessor, Joe Biden, a quem responsabilizou, a par dos presidentes ucraniano e russo, Vladimir Putin, pelo conflito.
Olga Stefanichyna substitui a embaixadora Oksana Markarova, que estava no cargo desde o início de 2021
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