"O nosso país está destruído e corre o risco de se tornar um Estado falido", declarou o ativista e opositor do regime Boniface Mwangi.
"Como pudemos eleger pessoas acusadas de crimes contra a humanidade para (o seu) comando?, acrescentou, referindo-se aos processos do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o atual chefe de Estado pelo seu envolvimento na violência pós-eleitoral de 2007-2008 no Quénia.
Mwangi fez este anúncio perante centenas de apoiantes reunidos perto do palácio presidencial em Nairobi, semanas após uma onda de manifestações contra William Ruto, que foram brutalmente reprimidas.
A polícia queniana registou 65 mortos durante estas manifestações antigovernamentais que ocorreram em junho e julho deste ano.
Pelo menos o mesmo número de pessoas morreu no ano passado, segundo organizações de defesa dos direitos humanos, durante a repressão de manifestações organizadas no âmbito do mesmo movimento de protesto antigovernamental, liderado principalmente por jovens.
"Estamos agora a organizar-nos para desencadear uma revolução eleitoral", afirmou Mwangi.
Várias pessoas presentes no anúncio usavam uma camisola com a imagem do possível candidato presidencial, agitavam a bandeira queniana e entoavam o 'slogan' "Upendo na ujasiri" ("amor e coragem" em suaíli).
Detido várias vezes, a última delas em julho passado, Boniface Mwangi, 42 anos, ex-fotojornalista, documentou a violência pós-eleitoral de 2007-2008, pela qual Ruto foi processado por crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). O processo foi encerrado após o que foi descrito como uma campanha de intimidação de testemunhas.
Mais de 1.100 pessoas foram mortas e centenas de milhares deslocadas nessa violência pós-eleitoral de caráter étnico.
O anúncio da candidatura de Mwangi coincide também com o 15.º aniversário da promulgação da atual constituição do Quénia.
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