Os partidos dos vencedores da primeira volta das eleições presidenciais, o senador de centro-direita Rodrigo Paz e o ex-Presidente de direita Jorge Quiroga, vão controlar o Senado e a Câmara dos Deputados.
Os dois vão defrontar-se numa segunda volta em 19 de outubro.
O poder vai mudar de mãos após duas décadas de domínio esmagador do Movimento para o Socialismo (MAS), liderado pelo ex-Presidente Evo Morales (2006-2019) e, de seguida, pelo atual Presidente, Luis Arce.
Quatro partidos de direita passam a deter agora 119 dos 130 lugares parlamentares e todos os 36 senadores.
O principal partido será o Partido Democrata Cristão (PDC), liderado por Rodrigo Paz, que ficou em primeiro lugar na primeira volta, com 49 deputados e 16 senadores.
O segundo maior partido será o de Jorge Quiroga, com 39 lugares na Câmara dos Deputados e 12 no Senado.
A Aliança Popular, liderada pelo ex-candidato de esquerda Andrónico Rodríguez, conquistou oito lugares na Câmara dos Deputados.
O MAS conquistou apenas dois, em comparação com 75 anteriormente, e nenhum senador, em comparação com 21 anteriormente.
Esta eleição decorre em plena grave crise económica, marcada pela escassez de moeda estrangeira e de combustível.
O Governo do Presidente Arce, que decidiu não se recandidatar, praticamente esgotou as reservas cambiais do país para sustentar a sua política de subsídios aos combustíveis.
A Bolívia enfrentou também uma inflação anual de quase 25% em julho, um recorde desde pelo menos 2008.
Evo Morales, que abandonou o MAS, tentou candidatar-se pelo partido PAN-BOL, mas o TSE anulou a personalidade jurídica da formação política por incumprimento da lei.
Por outro lado, o Tribunal Constitucional boliviano determinou, em maio, que Morales não poderia ser candidato a um quarto mandato, por ter já ocupado o cargo de Presidente por mais de duas vezes, o que gerou em junho violentas manifestações dos seus apoiantes, que provocaram pelo menos seis mortos.
Desta forma, sem poderem ir a eleições, os apoiantes de Evo Morales ficaram sem representação parlamentar pela primeira vez desde 2002.
Em protesto contra esta exclusão, Evo Morales incentivou o voto inválido na primeira volta. De acordo com os resultados oficiais, 19,2% dos votos foram invalidados, um nível sem precedentes.
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