O presidente do Brasil, Lula da Silva, respondeu, esta terça-feira, à nova ameaça do seu homólogo norte-americano, Donald Trump, sobre a aplicação de novas taxas a países que coloquem impostos digitais sobre a tecnologia dos Estados Unidos.
Trump afirmou na sua rede social, a Truth Social, que "os impostos digitais, a legislação relativa aos serviços digitais e os regulamentos relativos aos mercados digitais foram todos concebidos para prejudicar ou discriminar a tecnologia americana" e prometeu "enfrentar os países que atacam as incríveis empresas tecnológicas americanas".
Donald Trump assegurou ainda avançar com "tarifas adicionais substanciais sobre as exportações" para os países comunitários "com impostos, legislação, regras ou regulamentações digitais".
A ameaça do presidente norte-americano surgiu numa altura em que o Brasil prepara uma nova regulamentação para os media sociais e Lula da Silva decidiu responder à maneira de Trump: com um boné.
Durante uma reunião esta terça-feira, Lula da Silva e 37 dos seus 38 ministros surgiram com um boné azul onde se lia: "O Brasil é dos brasileiros".
Segundo a imprensa brasileira, só a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, é que não utilizou o boné.
O adereço - que pode ver na galeria acima - assemelha-se aos bonés usados por Trump, sendo os mais populares os que foram utilizados durante a sua campanha eleitoral.
Durante a reunião, o presidente brasileiro reiterou que "o governo dos Estados Unidos age como se fosse o imperador do planeta e continua ameaçando o mundo inteiro" e afirmou que Trump considera as empresas de tecnologia "um ativo americano e não aceita que ninguém mexa com elas", mas acrescentou que isso não acontecerá no Brasil.
Trump já tinha imposto taxas alfandegárias de 50% sobre grande parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos, por considerar que há desequilíbrio comercial mas também em retaliação ao julgamento do ex-presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro, do qual é apoiante, acusado de tentativa de Golpe de Estado.
Também a Comissão Europeia já tinha respondido a Trump, alertando que a União Europeia (UE) e os seus Estados-membros têm "o direito soberano" de regulamentar as atividades económicas, nomeadamente no que toca às empresas tecnológicas.
"Penso que é útil recordar o que temos vindo a afirmar várias vezes, que é um direito soberano da UE e dos seus Estados-membros regulamentar as atividades económicas no nosso território que sejam compatíveis com os nossos valores democráticos", declarou a porta-voz do executivo comunitário, Paula Pinho, na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas.
"É também por isso que esta questão não fazia parte do nosso acordo [comercial] com os Estados Unidos e, portanto, estas são questões distintas e vamos prosseguir com a implementação do acordo-quadro, que, muito justamente, não abrange esta questão num contexto mais alargado", adiantou a responsável.
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