O encontro entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o presidente russo, Vladimir Putin, ainda não tem data marcada, mas já faz correr tinta sobre as suspeitas da sua localização. A possibilidade de ser na Europa tem ganhado cada vez mais força, sobretudo para os líderes europeus.
O chanceler alemão, Friedrich Merz, foi o primeiro a avançar que a uma "reunião tripartida" poderia ocorrer na Europa, um dia após o encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu homólogo russo, e ainda antes da reunião com os líderes europeus, em Washington.
"A data e o local ainda serão determinados (...). Propusemos que tal pudesse ser na Europa", disse Merz, numa entrevista às emissoras alemãs NTV e RTL, transmitida no sábado passado.
Já na segunda-feira, após as reuniões entre Zelensky, Trump e os líderes europeus, em Washington, começou a discutir-se uma reunião apenas entre os presidentes russo e ucraniano, em dia e data ainda a anunciar.
O presidente francês, Emmanuel Macron, avançou, na terça-feira, que o encontro entre Putin e Zelensky deverá realizar-se na Europa e defendeu a sua realização em Genebra, na Suíça.
"Mais do que uma hipótese, é mesmo a vontade coletiva", declarou Macron numa entrevista transmitida pela LCI. "Será um país neutro e, por isso, talvez a Suíça. Defendo Genebra, ou outro país. A última vez que houve discussões bilaterais foi em Istambul".
A própria Suíça mostrou disponibilidade para oferecer imunidade ao presidente russo, Vladimir Putin, apesar do mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI), sob a condição de comparecer no país para uma conferência de paz.
Além da Suíça, também o governo austríaco admitiu estar aberto a receber uma reunião Putin e Zelensky, apesar do mandado do TPI.
"Se as negociações se realizarem em Viena, entraremos em contacto com o TPI, em virtude dos nossos acordos de sede de organizações internacionais em Viena para permitir a participação do Presidente Putin", indicou numa nota o gabinete do chanceler austríaco, o conservador Christian Stocker.
As declarações de Berna e Viena surgiram um dia depois de uma reunião em Washington entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, os homólogos ucraniano, Volodymyr Zelensky, francês, Emmanuel Macron, finlandês, Alexander Stubb, e os chefes dos Governos britânico, Keir Starmer, e alemão, Friedrich Merz.
Estiveram ainda presentes na capital federal norte-americana a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
Outra cidade em cima da mesa poderá ser Budapeste, na Hungria, com a imprensa local a levantar esta possibilidade citando "fontes oficiais norte-americanas".
A hipótese de Budapeste também foi mencionada pelo site norte-americano Politico que noticiou que a Casa Branca está a planear uma reunião trilateral na capital húngara, citando um funcionário próximo da administração Trump que falou sob a condição de anonimato.
Putin propôs a Trump reunir com Zelensky na Rússia. Ucraniano disse "não"
Também na terça-feira, fontes citadas pela agência de notícias France-Presse (AFP) revelaram que Putin propôs-se organizar um encontro bilateral com o homólogo ucraniano em Moscovo.
As fontes indicaram que "Putin mencionou Moscovo" durante um telefonema com Donald Trump, na segunda-feira, e o presidente ucraniano, que na altura se encontrava na Casa Branca com dirigentes europeus, "respondeu 'não'".
A possibilidade de um encontro entre Putin e Zelensky começou a ser discutida após a Cimeira do Alasca, na passada sexta-feira, onde Trump e Putin discutiram sobre a guerra na Ucrânia, com a possibilidade de um cessar-fogo como a principal questão em debate, mas não foram alcançados quaisquer resultados.
A Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.
Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.
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