"A aprovação pelo gabinete sionista dos planos para ocupar a cidade de Gaza e de retirar os habitantes locais constitui um novo crime de guerra que o exército de ocupação pretende cometer contra a cidade e os seus quase um milhão de habitantes", reagiu o movimento islâmico palestiniano num comunicado.
"Esta aventura criminosa custará caro [a Israel] e não será uma viagem fácil" para o exército israelita, acrescenta o comunicado, divulgado no Telegram, em que o Hamas adverte que, se Telavive expandir a ofensiva em Gaza, tal significa "sacrificar" os reféns que continuam lá retidos.
O gabinete de segurança de Israel aprovou hoje de madrugada uma proposta do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para a ocupação militar da cidade de Gaza, no norte do enclave.
No comunicado, o Hamas acusa o primeiro-ministro israelita e o seu Governo de "não se importarem com o destino dos seus reféns" ainda detidos na Faixa de Gaza.
"Israel compreendeu que a extensão da agressão significa o sacrifício deles, revelando uma imprudência em relação à vida dos prisioneiros por objetivos políticos que já fracassaram", afirma o movimento islâmico, que ainda mantém 49 reféns, dos quais 27 são considerados mortos, desde o ataque sangrento em 7 de outubro de 2023 em território israelita, que fez cerca de 1.200 mortos e perto de 250 reféns.
O Hamas e o seu aliado Jihad Islâmica divulgaram três vídeos de propaganda no final da semana passada que chocaram Israel e suscitaram uma condenação unânime a nível internacional, nos quais dois reféns aparecem muito magros e enfraquecidos, e um deles, detido na escuridão de um túnel, cava a sua própria sepultura.
No final do comunicado, o Hamas afirma que não poupará esforços para "tomar todas as medidas necessárias para preparar o terreno para um acordo, incluindo avançar para um acordo global para libertar todos os prisioneiros da ocupação de uma só vez, conseguir o fim da guerra e a retirada das forças de ocupação".
Em Ramallah, a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) descreveu hoje a decisão israelita como "um crime absoluto" e advertiu para a deslocação forçada de 800.000 palestinianos expulsos de outras áreas do enclave.
O plano "representa a continuação da política de genocídio, de assassínios sistemáticos, de fome e de cerco, e uma violação flagrante do direito humanitário e das resoluções de legitimidade internacional", denunciou o Governo de Mahumud Abbas.
A ANP disse que iniciou "contactos urgentes com os organismos internacionais competentes" sobre a questão, incluindo o Conselho de Segurança da ONU, a Organização de Cooperação Islâmica e o Conselho da Liga dos Estados Árabes.
A ANP, chefiada por Mahmoud Abbas, disse ainda ser a única força política capaz de manter o controlo da Faixa de Gaza, caso Israel consiga que o Hamas abandone o poder.
O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007, depois de ter expulsado do território a Fatah, o partido de Abbas, na sequência das últimas eleições para o Conselho Nacional Palestiniano, em 2006, que venceu no enclave. Desde então, a ANP governa a Cisjordânia, parcialmente ocupada por Israel desde 1967, e o Hamas a Faixa de Gaza.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas, apoiado pelo Irão, como uma organização terrorista.
A ofensiva israelita em curso em Gaza seguiu-se ao ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023 e já provocou mais de 61.000 mortos no enclave, além de causar também uma grave crise humanitária em Gaza, com denúncias de mortes de crianças à fome, e a destruição de grande parte das infraestruturas do território palestiniano.
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