"Caem [paletes de ajuda humanitária] sobre as casas e tendas de pessoas deslocadas, resultando na morte de civis, incluindo mulheres e crianças", disse hoje o Ministério do Interior de Gaza, em comunicado, dando como exemplo uma morte ocorrida hoje, no norte do território.
De acordo com as autoridades, os lançamentos aéreos sobre Gaza provocam "destruição de lojas e graves danos nas casas e propriedades dos cidadãos".
O "caos e a criminalidade" também aumentam, alegam as autoridades, porque provocam tumultos entre pessoas que procuram recolher os alimentos, incentivando roubos e assaltos.
O Ministério do Interior de Gaza defendeu ainda, no comunicado, que Israel está a aproveitar os lançamentos aéreos "como parte da sua política de fome planeada", e apelou a todos os países participantes nas operações para que reconsiderem "esta medida legal" e tomem "a decisão de a interromper".
Para as autoridades da Faixa de Gaza, a melhor forma de pôr fim à crise humanitária é "abrir as passagens terrestres e permitir o fluxo abundante de ajuda e alimentos diariamente e por períodos prolongados".
A polícia de Gaza indicou ainda que o lançamento aéreo de ajuda humanitária é "quase insignificante quando comparada com a que transportam os camiões de ajuda que conseguem entrar pelas passagens terrestres".
Israel retomou os lançamentos aéreos de ajuda em 26 de julho, em resposta à pressão internacional e às acusações das organizações humanitárias de que as restrições à entrada de camiões estão a "matar à fome" a população de Gaza.
O exército israelita disse hoje, em comunicado, que 107 paletes de alimentos foram lançadas por via aérea em Gaza nas últimas horas, citando os Emirados Árabes Unidos, a Jordânia, a Alemanha, a Bélgica e a França como fontes desta ajuda.
As Nações Unidas (ONU) e outras organizações descreveram este método de distribuição de ajuda humanitária como "insuficiente e perigoso".
A ofensiva contra Gaza começou depois dos ataques grupo islamita palestiniano Hamas, que controla o enclave, em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Os ataques já provocaram mais de 61 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 150 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.
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