O estudo, elaborado pelo Centro de Satélites da ONU (UNOSAT) e pela Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO), estima que os habitantes de Gaza têm acesso a apenas cerca de 1.300 hectares das terras, o equivalente a 8,6% do total, e desses, apenas 232 hectares não sofreram danos.
Dos terrenos restantes, 86,1% estão destruídos e outros 12,4% seriam aproveitáveis, mas a população local não tem acesso a eles, dados que se agravam na zona norte e em partes do sul do enclave, como Rafah.
O diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, alertou para a importância destes dados num momento em que Gaza "está à beira de uma fome em grande escala".
"As pessoas estão a morrer não porque não haja comida, mas porque o acesso continua bloqueado, os sistemas agrícolas locais entraram em colapso e as famílias já não conseguem manter nem mesmo os seus meios de subsistência mais básicos", sublinhou Dongyu.
Nesse sentido, exigiu o acesso humanitário "urgente" para recuperar um mínimo de produção agrícola, "a única maneira de impedir que mais pessoas continuem a morrer", lembrando que a alimentação "é um direito humano básico".
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 61 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 180 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.
Leia Também: Israel ordena deslocação de habitantes de Gaza para sul. "Para segurança"