O ministro dos Negócios Estrangeiros francês elogiou, esta sexta-feira, a atitude de Emanuel Macron de querer reconhecer o estado da Palestina e nega que esta seja sinal de que o país apoia o Hamas.
Para Jean-Noël Barrot, a decisão do Presidente da República francês "dá razão ao campo da paz contra o campo da guerra" e ao contrário do que têm afirmado os críticos, vai contra aquilo que defende o Hamas.
"O Hamas sempre rejeitou a solução dos dois Estados. Ao reconhecer a Palestina, a França está a provar que este movimento terrorista está errado. Está a dar razão ao campo da paz contra o campo da guerra", publicou Jean-Noël Barrot na sua conta oficial no X [antigo Twitter].
França vai reconhecer Estado da Palestina em setembro
Emmanuel Macron afirmou, esta quinta-feira, que "a França reconhecerá o Estado da Palestina", anunciando ainda que o anuncio formar será feito "na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro próximo".
"Precisamos de um cessar-fogo imediato [em Gaza], da libertação de todos os reféns e de uma ajuda humanitária maciça ao povo de Gaza. Devemos também garantir a desmilitarização do Hamas, proteger e reconstruir Gaza. Por último, devemos construir o Estado da Palestina, assegurar a sua viabilidade e garantir que, ao aceitar a sua desmilitarização e ao reconhecer plenamente Israel, este contribui para a segurança de todos no Médio Oriente", sublinhou o presidente francês.
A França “mobilizará todos os seus parceiros internacionais que desejem participar”, escreveu o governante numa carta dirigida ao Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas.
Anúncio gera muitas críticas
Após a publicação do presidente francês, as reações não se fizeram esperar. Israel foi dos primeiros a mostrar a sua posição.
O vice-primeiro-ministro israelita, Yariv Levin, afirmou que a "decisão vergonhosa" anunciada pelo Presidente Emmanuel Macron é "uma mancha negra na história francesa e uma instigação direta ao terrorismo" e significa que agora é "tempo de aplicar a soberania israelita" na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967.
Hamas aplaude anúncio
O movimento islamita palestiniano Hamas, por sua vez, aplaudiu a decisão do presidente francês.
"Consideramos este um passo positivo na direção certa para fazer justiça ao nosso povo palestiniano oprimido e apoiar o seu legítimo direito à autodeterminação", afirmou em comunicado o Hamas, baseado na Faixa de Gaza e considerado terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e vários países.
O movimento apoiado pelo Irão, que Israel combate em Gaza há quase dois anos, apela a "todos os países do mundo - especialmente as nações europeias e aquelas que ainda não reconheceram o Estado da Palestina - a seguirem o exemplo da França" em relação aos direitos dos palestinianos.
Portugal também pode seguir pisadas?
Entretanto, em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros considera que o anúncio do presidente francês, sobre o reconhecimento do estado da Palestina em setembro “não é uma novidade”.
Em declarações aos jornalistas esta sexta-feira, Paulo Rangel diz que “já é a terceira vez nos últimos meses que o presidente Macron diz que vai reconhecer”.
Rangel defendeu ainda que “Portugal sempre esteve aberto e estará a esse reconhecimento” do estado da Palestina. Mas realça que “Portugal é um estado soberano e que, portanto, a sua política não é definida por outros estados”.
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