O Ministério do Interior tailandês informou que 100.672 civis de quatro províncias fronteiriças foram transferidos para cerca de 300 centros de acolhimento.
O Ministério da Saúde anunciou, por sua vez, que o número de mortos causados pelos ataques da artilharia cambojana subiu para 14 - 13 civis e um militar. Um balanço anterior do exército tailandês dava conta de nove vítimas mortais.
"Há atualmente confrontos em várias zonas fronteiriças. Pede-se às pessoas que evitem as zonas fronteiriças", declarou, esta manhã às 08:10 (02:10 em Lisboa), a Segunda Região do exército tailandês - uma divisão destacada no nordeste do país.
Na cidade cambojana de Samraong, a 20 quilómetros da fronteira, jornalistas da agência France-Presse (AFP) ouviram esta manhã tiros de artilharia distantes e viram algumas famílias a fugir.
Os jornalistas da AFP também observaram soldados a correrem em direção a lança-foguetes e a partirem em direção à fronteira.
Os confrontos, de uma intensidade rara, eclodiram na quinta-feira, na fronteira entre os dois países, com troca de tiros, granadas e foguetes.
Os combates concentram-se em torno de seis locais, informou o exército tailandês.
Banguecoque enviou, na quinta-feira, seis aviões F-16 para atacar "dois alvos militares cambojanos no solo", disse o porta-voz adjunto das forças armadas do país, Ritcha Suksuwanon.
O Camboja não fez qualquer balanço até ao momento. Durante uma conferência de imprensa, a porta-voz do Ministério da Defesa do país, Maly Socheata, recusou-se a responder a uma pergunta sobre possíveis vítimas.
De acordo com Banguecoque, oito civis morreram na província de Sisaket, nordeste tailandês, onde um ataque com foguetes atingiu uma loja de conveniência perto de um posto de gasolina.
Uma criança de oito anos morreu na província de Surin (também nordeste). Na mesma região, projéteis atingiram um hospital com cerca de trinta camas em Phanom Dong Rak, perto da fronteira, provocando o colapso parcial do telhado.
Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU está marcada para hoje às 15:00 (20:00 em Lisboa).
O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, que ocupa a presidência rotativa da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e dialogou com os dois países, pediu moderação.
O Camboja e a Tailândia estão em conflito há muito tempo sobre o traçado da fronteira de mais de 800 quilómetros, definida em grande parte por acordos celebrados durante a ocupação francesa da chamada Indochina, entre final do século XIX e meados do século XX.
Em 2011, confrontos em torno do templo Preah Vihear, classificado como património mundial pela Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e reivindicado por ambos os países, causaram pelo menos 28 mortos e dezenas de milhares de deslocados.
Embora em 2013, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), principal órgão jurisdicional da ONU, tenha atribuído ao Camboja a zona contestada abaixo do templo, o traçado de outras zonas continua a opor Banguecoque e Phnom Penh.
Leia Também: China apela ao diálogo entre Tailândia e Camboja após confronto