"Preocupa-nos o facto de que África ainda carrega o maior número de mortes de crianças com idade inferior a cinco anos a nível mundial. Particularmente na África Subsaariana, continuamos preocupados com a desaceleração da redução da mortalidade infantil que se regista nos últimos anos", disse o Presidente moçambicano, Daniel Chapo.
O chefe do Estado falava na abertura do Fórum Global de Inovação e Ação para Imunização e Sobrevivência Infantil -- 2025, que decorre de hoje até quinta-feira na capital do país.
"Entre os fatores que estão a determinar esta desaceleração da redução da mortalidade infantil em África se incluem a pandemia da covid-19, os eventos climáticos extremos e a redução do financiamento externo para a saúde, que colocam em risco o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)", apontou Chapo.
Não obstante as preocupações com a mortalidade infantil em África, maioritariamente causada por doenças evitáveis como malária, diarreias, pneumonia, sepse e fatores obstétricos, o Presidente de Moçambique elogiou a redução dos casos a nível global.
"O mundo e, no caso vertente, o continente africano, têm vindo a registar progressos assinaláveis na redução da mortalidade infantil. De acordo com o último relatório das Nações Unidas para Estimativa da Mortalidade Infantil, entre os anos 2000 e 2023, a mortalidade infantil reduziu em cerca de 51% ao nível global", apontou.
Pelo menos 60 em cada mil crianças menores de cinco anos morrem por ano devido a várias doenças em Moçambique, com as estatísticas mundiais a apontarem quase cinco milhões de mortos, avançou, segunda-feira, o Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique.
"Não estamos satisfeitos com 60 mortes de crianças por mil nados vivos, o setor da saúde não está satisfeito e várias ações ainda estão a ser implementadas com vista a assegurar que Moçambique alcance a meta 3.2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)", que visa reduzir a mortalidade infantil no mundo, até 2030, para 25 menores mortos por mil nados vivos, avançou o diretor-geral do INS, Eduardo Samo Gudo.
Hoje, o chefe do Estado moçambicano apontou como fatores determinantes na redução da mortalidade infantil a construção de novas unidades sanitárias nos distritos, a revitalização do subsistema comunitário de saúde, incluindo a formação acelerada de profissionais de saúde maternoinfantil e sua absorção prioritária nos diferentes níveis de atenção em saúde ao nível do sistema nacional de Saúde.
Mais de 300 delegados de 29 países, incluindo ministros e vice-ministros da saúde, cientistas e académicos e organizações da sociedade civil, participam em Maputo do Fórum Global de Inovação e Ação para Imunização e Sobrevivência Infantil -- 2025.
O encontro é organizado pelos Ministérios de Saúde de Moçambique e da Serra Leoa e pelo Governo da Espanha com a colaboração das fundações "la Caixa" e Bill and Melinda Gates e da Unicef.
Segundo o diretor-geral do INS, o fórum vai discutir soluções científicas para que o mundo se possa reposicionar no aceleramento do combate à mortalidade infantil, incluindo a exigência de um novo compromisso político nesta causa.
Samo Gudo assinalou também uma "redução histórica e sem precedentes" da mortalidade infantil nas últimas décadas no mundo, destacando que, entre 1990 e 2023, o número de mortes de crianças menores de cinco anos baixou de cerca de 12,8 milhões por ano para 4,8 milhões.
Não obstante esses avanços, organizações de saúde mundiais registaram um abrandamento, desde 2015, do ritmo de redução da mortalidade na faixa etária em referência, assinalando o risco de pelo menos 60 países africanos não alcançarem a meta dos ODS, conforme estimativas da Organização Mundial da Saúde avançadas pelo mesmo responsável.
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